Dr. William Augusto Casteleins

Câncer de esôfago

Existem basicamente dois tipos diferentes de câncer no esôfago, o Carcinoma Epidermóide e o Adenocarcinoma. O diagnóstico é suspeitado quando o paciente tem dificuldade para deglutir, devido a uma obstrução na passagem dos alimentos pelo esôfago. Ocorre perda rápida de peso, o principal sinal de alerta para a neoplasia. As opções terapêuticas incluem quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Atualmente, o protocolo de tratamento mais indicado chama-se CROSS Trial (Chemoradiotherapy for Oesophageal Cancer Followed by Surgery Study), onde o paciente recebe primeiro quimioterapia e radioterapia e depois faz a cirurgia. Esta pode ser por via minimamente invasiva, com toracoscopia e laparoscopia.

Câncer do endométrio

Os tipos principais de tumores malignos do endométrio são os sarcomas (que se iniciam no músculo uterino, o miométrio, ou em seus tecidos de sustentação) e os carcinomas (que se originam do tecido epitelial do revestimento ou das glândulas a ele associadas). O tratamento é multimodal e vai depender do tipo histológico, do estágio da doença e interesses pessoais, como preservar a fertilidade. As opções incluem cirurgia, quimioterapia, hormonioterapia, radioterapia pélvica e em cadeias de drenagem linfática. A histerectomia radical pode ser feita por laparoscopia, com os mesmos resultados de eficácia e segurança que a cirurgia por convencional, por laparotomia.

Mesotelioma

Doença pouco predominante no Brasil, é a neoplasia das membranas serosas que revestem o tórax (pleura), o abdômen (peritôneo) e o saco pericárdico. Tem relação direta com a exposição ambiental ao asbesto (amianto), substância utilizada na fabricação de produtos industriais, proibida no Brasil em 2017. No caso do mesotelioma peritoneal maligno, os sintomas iniciais são inespecíficos: aumento de volume abdominal, perda de apetite e fraqueza, com diagnóstico tardio. A quimioterapia é pouco eficaz. Assim, o principal tratamento é a citorredução cirúrgica com aplicação de quimioterapia peritoneal aquecida (HIPEC), podendo elevar a sobrevida em até 5 vezes mais tempo, do que se não for tratado.

Carcinomatose peritoneal

A disseminação de tumores para o peritôneo, uma fina membrana que recobre internamente os órgãos abdominais, é considerada estágio final para muitas neoplasias. Porém, em determinadas circunstâncias é possível realizar um procedimento cirúrgico de grande porte, onde se faz a remoção de todos os órgãos em que é possível retirar o câncer. Em seguida, aplica-se quimioterapia aquecida na cavidade, em um sistema de perfusão, com objetivo de destruir a doença microscópica, em nível celular. A indicação para este procedimento é restrita a alguns tipos de neoplasia apenas, como o pseudomixoma peritoneal e o mesotelioma, alguns tipos de câncer de ovário, intestino grosso (cólon) e estômago.

Neoplasias Retroperitoneais

Alguns tumores se desenvolvem em órgãos que se localizam atrás do peritônio, área que denominamos de retroperitônio. É o caso dos grandes vasos abdominais (aorta e veia cava), os rins, glândulas supra renais (ou adrenais), conjuntos de linfonodos (gânglios do sistema linfático), músculos, nervos, tecidos gordurosos e conjuntivos. Não são neoplasias muito comuns, mas são de difícil acesso e poucos são os cirurgiões com experiência neste tipo de abordagem. Podem ser tumores muito graves, porém o tratamento cirúrgico é possível em grande parte dos casos. Quando são malignos, o tratamento pode ser combinado com quimioterapia e radioterapia, além de cirurgia.