Artigos 21 agosto 2023

Cólica menstrual, por que ocorre e como aliviá-la?

Equipe Doctoralia
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A cólica é o sintoma ginecológico mais comum. Estima-se que cerca de 90% das mulheres sofram de dor menstrual em algum momento de suas vidas. Essa alta prevalência na população não favorece aqueles que sofrem de formas mais graves, pois geralmente tendem a ser consideradas normais e, em alguns casos, podem ser um sintoma de alerta para condições graves, como a endometriose ou a adenomiose. No entanto, contrasta com a pouca importância dada a essa dor pela sociedade, apesar do impacto na qualidade de vida e das estatísticas que a definem: sua alta frequência e seu impacto macroeconômico. Além disso, essa dor menstrual implica um alto custo para o sistema de saúde (medicamentos, consultas médicas, etc.) e também se torna uma das principais causas de absenteísmo escolar e no trabalho, reduzindo a produtividade das mulheres, que são parte fundamental da população economicamente ativa dos países.

O que causa cólica?

A cólica é causada principalmente pela contração do útero durante o ciclo menstrual. Durante a menstruação, o revestimento interno do útero (endométrio) se desprende e é eliminado do corpo. Para facilitar essa eliminação, o útero se contrai, causando cólicas. As contrações do útero são mediadas por substâncias chamadas prostaglandinas, que são produzidas no revestimento uterino. As prostaglandinas ajudam a estimular as contrações musculares, mas em excesso podem causar dores intensas.

Tipos de cólica

Existem dois tipos de cólica:

Cólica primária: após as investigações clínicas adequadas, não é encontrada nenhuma patologia que justifique a dor. Geralmente ocorre a partir do primeiro período menstrual ou logo depois. É típica de mulheres com menos de 25 anos. Começa imediatamente antes ou com o início do sangramento. Os casos mais intensos podem ser acompanhados por náuseas, vômitos, diarreia, fadiga e insônia.

Cólica secundária: há uma patologia subjacente à dor. A causa mais comum de cólica secundária é a endometriose. Outras causas podem incluir adenomiose, doença inflamatória pélvica e miomas uterinos. Geralmente piora com o tempo (conforme a progressão da doença) e é acompanhada por outros sintomas ginecológicos, como sangramento menstrual abundante, dor entre os períodos (dor pélvica crônica), dor durante as relações sexuais ou durante a evacuação. É mais comum em mulheres acima de 25 anos.

Como é diagnosticada?

O diagnóstico sempre começa com as informações fornecidas pela paciente sobre suas menstruações. Alguns dados da consulta ou do exame ginecológico podem sugerir uma patologia associada. Por exemplo, um útero grande é sugestivo de miomas uterinos, e a dor durante as relações sexuais pode estar relacionada à endometriose profunda. O próximo passo é a realização de uma ultrassonografia ginecológica. Se tudo estiver normal, mas a suspeita de cólica secundária devido à endometriose persistir devido à gravidade dos sintomas relatados pela paciente, indica-se a realização de uma ultrassonografia de alta resolução. Essa técnica é realizada com aparelhos mais avançados e por ultrassonografistas experientes. Com essa técnica, é possível avaliar se há comprometimento do aparelho genital, bem como examinar a bexiga, ureteres e reto.

É possível previnir a cólica?

Melhorar os hábitos de vida está associado a uma menor intensidade da cólica menstrual. A prática de exercícios físicos melhora a percepção da dor existem estudos que demonstram que três sessões de exercícios por semana, com duração de 45 a 60 minutos, reduzem a dor menstrual em 25%. Manter-se dentro do peso normal ajuda a diminuir a quantidade de sangramento durante a menstruação, o que também está indiretamente relacionado à cólica. Também é importante manter uma dieta rica em fibras (frutas, vegetais) para reduzir a absorção intestinal de estrogênio, consumir ômega 3 (peixes, nozes) e manter níveis adequados de vitamina D. Suplementos de oligoelementos, sob supervisão médica ou de especialistas em nutrição, podem fornecer benefícios, como no caso do cálcio, magnésio e zinco.

paciente no consultório médico A cólica faz parte do ciclo menstrual, entretanto quando o incómodo é muito grande você deve procurar ajuda médica

Como aliviar a dor menstrual?

Além dos medicamentos, existem certas táticas que podem ajudar a lidar com a dor como:

  • Aplicação de calor: Aplique uma bolsa de água quente ou uma almofada térmica na região abdominal. O calor ajuda a relaxar os músculos uterinos e aliviar a dor.
  • Relaxamento e técnicas de respiração: Aprender técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda e biofeedback, pode ajudar a reduzir a dor e o desconforto menstrual. Essas técnicas ajudam a relaxar o corpo e a aliviar a tensão muscular.
  • Terapia hormonal: Em casos de cólicas menstruais intensas, seu médico pode prescrever terapia hormonal, como pílulas anticoncepcionais, para ajudar a regular o ciclo menstrual e diminuir a dor.

Tratamento farmacológico da cólica

Quando as medidas preventivas ou de alívio não são suficientes, os medicamentos são o próximo passo terapêutico.

Em primeiro lugar, podem ser utilizados anti-inflamatórios de uso comum (ibuprofeno, naproxeno), que devem ser usados de forma sistemática, antecipando-se ao aparecimento da dor. São muito eficazes porque reduzem a quantidade de prostaglandinas, que são os compostos que causam as contrações uterinas que provocam a dor.

Se essa primeira etapa não conseguir controlar o sintoma ou se a paciente desejar também um método contraceptivo, podem ser utilizados contraceptivos hormonais, que são muito eficazes porque são anovulatórios, reduzem a quantidade de sangramento e de prostaglandinas. Podem ser compostos de estrogênio e progestágeno ou apenas progestágeno. Se a dor persistir no período das pílulas placebo, pode-se passar para a ingestão contínua das pílulas ativas, de modo que não ocorra sangramento sem adicionar mais efeitos colaterais.

Medicamentos hormonais não orais (adesivos, anéis vaginais, implantes subcutâneos, DIU com progesterona, etc.) também são úteis para a cólica e melhoram a adesão terapêutica.

Quando procurar um especialista

Em geral, dois motivos devem alarmar essas pacientes e motivá-las a consultar seu ginecologista:

  • A dor é intensa o suficiente para interromper a vida da paciente e diminuir sua qualidade de vida, obrigando-a a se ausentar de suas atividades habituais (estudos, esportes, trabalho).
  • Existe suspeita de endometriose ou outra condição que cause alteração menstrual.
  • A perda de resposta a medicamentos comuns, a intensidade elevada da dor, a transição da dor cíclica para contínua, a dor durante as relações sexuais ou evacuação são altamente sugestivas de endometriose, conforme explicado no livro “Conceitos atuais em dor e endometriose: diagnóstico e manejo da dor pélvica crônica”.
  • Outro sintoma característico são os problemas de fertilidade associados à cólica. Quando mulheres com dificuldades para engravidar são estudadas, metade delas apresentará alguma forma de endometriose.

Qualquer um desses sintomas isoladamente, mas especialmente quando vários deles estão presentes ao mesmo tempo, deve ser motivo suficiente para marcar uma consulta com o ginecologista.

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