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Nas últimas décadas, avanços extraordinários nas áreas da neurociência, psicologia do desenvolvimento, psicopedagogia e neurolinguística têm revelado um panorama cada vez mais claro sobre como as dificuldades de aprendizagem e os transtornos do neurodesenvolvimento na infância estão profundamente conectados a problemas psicológico na vida adulta. Estudos longitudinais e pesquisas com neuroimagem mostram que o cérebro da criança é altamente plástico, o que significa que intervenções precoces têm o poder de redirecionar trajetórias de sofrimento e transformar desafios em potencialidades.
Dificuldades como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), a dislexia, a discalculia, o transtorno do processamento auditivo, os transtornos específicos da linguagem (TEL), a disgrafia, entre outros, não são apenas obstáculos escolares. Eles são sinais de que algo mais profundo pode estar acontecendo — e, quando não identificados e acompanhados adequadamente, tendem a evoluir para quadros de ansiedade generalizada, depressão, baixa autoestima, transtornos de personalidade, isolamento social e até comportamentos autolesivos na vida adulta.
Por exemplo, pesquisas publicadas na Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry e na Frontiers in Psychology apontam que crianças com TDAH não tratado têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolver transtornos de humor, abuso de substâncias e dificuldades nas relações afetivas e profissionais quando adultas. Da mesma forma, indivíduos que sofreram com dislexia sem suporte adequado relatam níveis mais altos de ansiedade de desempenho e crenças limitantes sobre sua inteligência e valor pessoal — muitas vezes desenvolvendo um "self" marcado pela vergonha e pela sensação constante de fracasso.
A neurociência cognitiva também evidencia que o atraso na identificação de distúrbios da linguagem e do processamento auditivo central está associado a prejuízos persistentes em funções executivas, como atenção sustentada, memória de trabalho e autorregulação emocional — habilidades essenciais não só para o aprendizado, mas para a vida como um todo. Já a neurolinguística mostra como os caminhos neurais envolvidos na aquisição da leitura e escrita podem ser estimulados de forma eficaz quando a intervenção ocorre ainda nos primeiros anos escolares, evitando frustrações e ciclos de repetência que impactam diretamente a saúde mental.
É nesse contexto que a avaliação psicopedagógica na infância se torna uma ferramenta essencial e estratégica. Ela permite a detecção precoce dessas dificuldades, possibilita o mapeamento de estilos de aprendizagem e das áreas de fragilidade cognitiva e emocional da criança. Não se trata apenas de um diagnóstico; trata-se de um ato de cuidado e prevenção.
Ignorar esses sinais é negligenciar não apenas o presente da criança, mas seu futuro inteiro. Uma criança que se sente incompreendida, que acumula fracassos escolares, punições e rótulos como “preguiçosa” ou “bagunceira”, internaliza essas mensagens e transforma isso em sofrimento silencioso — muitas vezes imperceptível aos olhos dos adultos. Ao contrário, quando acolhida por uma avaliação psicopedagógica sensível e técnica, essa mesma criança pode ter suas potencialidades reconhecidas, receber apoio individualizado e ressignificar sua experiência com o aprender.
Portanto, ao identificarmos e nomearmos os transtornos e dificuldades de aprendizagem — como dislexia, TDAH, transtorno do espectro autista (TEA) leve, discalculia, disgrafia, transtornos mistos do desenvolvimento, entre outros —, estamos também oferecendo às crianças a chance de evitar desfechos mais graves como transtornos depressivos persistentes, transtornos de ansiedade social, ideação suicida, desregulação emocional crônica e problemas de identidade na vida adulta.
A ciência é clara: quanto mais cedo, melhor. A avaliação psicopedagógica é, portanto, um investimento em saúde mental, em desenvolvimento pleno, em cidadania e em dignidade humana. Ignorá-la é adiar o cuidado e permitir que o sofrimento infantil se transforme em dor adulta. Reconhecê-la, por outro lado, é um passo corajoso em direção à prevenção, ao acolhimento e à transformação da história de vida de uma criança
13/06/2025