Jerusa Rocha

Momentos difíceis na vida todos nós passamos e nessa hora é importante não estarmos sozinhos, mas poder contar com uma rede de apoio e, sobretudo, com a ajuda de um profissional que o auxilie a lidar com as questões que possam estar gerando sofrimento, com uma escuta sensível e atenta às formações do inconsciente.
Por meio da fala endereçada ao outro é possível também nos escutar, e juntos construir caminhos, traçar trajetórias, que possibilitem habitar o mundo com mais leveza, suavidade e força.
Mas como isso acontece? De forma resumida podemos dizer que na medida em que nos escutamos podemos perceber quais regras, leis ou condicionamentos marcam nossa realidade psíquica produzindo sofrimentos de diversos tipos. Ao longo da nossa vida alguns acontecimentos modelam nosso modo de viver e eles podem estar causando algum aprisionamento que nos impede de avançar, ou de ver o mundo de outras maneiras.
Sou formada pela Universidade Federal Fluminense, e minha experiência inicial como psicóloga, fora da universidade, foi num hospital geral em Niterói, onde trabalhei durante 5 anos. Nessa ocasião fiz parte da equipe de saúde mental onde tive a felicidade de desenvolver um trabalho na maternidade com as mulheres gestantes, as puérperas e seus bebês, trabalho que foi muito gratificante e de grande aprendizado. Além disso, participei também de outras atuações importantes nas enfermarias e emergência do hospital.
Alguns anos depois ingressei na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde tive a oportunidade de trabalhar com vários projetos de estágio e extensão junto aos alunos de formação em psicologia e outras áreas. Atuei numa escola especializada em deficientes visuais , inicialmente com os pais e num segundo momento com as crianças da escola.
O trabalho com os pais foi de grande aprendizado no mundo da deficiência, onde pudemos ampliar nosso olhar para desfazer os preconceitos e estereótipos presentes na sociedade em que vivemos e que gera muito angústia e sofrimento não apenas aos pais, mas a todos os envolvidos.
A experiência com as crianças na escola foi de uma riqueza ainda maior, pois trabalhamos com oficinas de arte num trabalho Transdisciplinar.
Com a colaboração de alunos de formação em diversas áreas (pedagogia, psicologia, dança, artes, etc) criamos um espaço de aprendizagem para além dos conteúdos da escola formal. Num ambiente descontraído e alargado foi possível ampliar os limites que restringem o aluno a, muitas vezes, habitar um lugar previamente demarcado para ele no ambiente escolar, que em muitos casos, fica cristalizado por experiências anteriores não muito felizes e que deixam marcas não somente nos alunos da escola, como nos educadores que dificilmente conseguem enxerga-lo de outras maneiras, o que dificulta tira-lo desse lugar, produzindo uma série de dificuldades e limitações.