Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva

Boa tarde caro paciente,
A leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP) é causada pela infecção do vírus JC. Estima-se que esse vírus infecte em torno de 75-80% da população, sendo o primeiro contato, muitas vezes, na infância. Sua transmissão se dá por via oral ou inalatória. O vírus tem neurootropismo, ou seja, predileção por se alojar nas células nervosas. Ele causa uma desmielinização (degrada a mielina presente nos adoniso neuronais) na substância branca cerebral. A LEMP vai se manifestar em pacientes com imunossupressão (baixa imunidade) seja por alguma doença como o HIV ou pelo uso de medicações (natalizumab por exemplo). Isoladamente sem a imunossupressão o vírus não causa a doença. Infelizmente a LEMP não possui cura até o momento.
Espero ter esclarecido sua dúvida. Um grande abraço.

Excelente pergunta — e muito importante, pois a LEMP (Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva) é uma doença rara e grave, causada pela reativação do vírus JC (John Cunningham virus) no sistema nervoso central. Esse vírus é extremamente comum, mas a infecção geralmente é latente e inofensiva na maioria das pessoas. Estima-se que 80% da população adulta já tenha entrado em contato com o vírus JC, geralmente ainda na infância, de forma assintomática. O vírus permanece “adormecido” nos rins, baço e cérebro, sem causar doença. A LEMP só ocorre quando há imunossupressão importante, ou seja, quando o sistema imunológico está enfraquecido e o vírus JC se reativa e invade o cérebro, destruindo a bainha de mielina dos neurônios (estrutura que permite a transmissão elétrica normal). As principais situações que favorecem a reativação são: HIV/AIDS sem tratamento, uso prolongado de imunossupressores (como natalizumabe, rituximabe, azatioprina, corticoides em altas doses, quimioterápicos), transplantes de órgãos, ou doenças autoimunes graves. É importante destacar que a LEMP não é uma doença contagiosa: o vírus JC é transmitido por via respiratória ou urinária apenas durante a infecção inicial, que é assintomática, e não se transmite entre pessoas quando a doença já está ativa no cérebro. Ou seja, quem tem LEMP não passa o vírus a outras pessoas. O risco não está na transmissão, mas na reativação interna em indivíduos imunodeprimidos. Quanto à cura: infelizmente, não existe tratamento antiviral específico capaz de eliminar o vírus JC, mas a LEMP pode estabilizar ou regredir parcialmente se o sistema imunológico for recuperado. O tratamento consiste em interromper ou substituir o medicamento imunossupressor responsável, otimizar a função imunológica (como iniciar ou ajustar terapia antirretroviral em pacientes com HIV) e oferecer tratamento de suporte neurológico. Em alguns casos, o uso de antivirais experimentais ou imunomoduladores (como mirtazapina, mefloquina ou pembrolizumabe) tem mostrado benefício parcial. A evolução clínica depende da rapidez do diagnóstico e da capacidade de recuperação imunológica: quanto mais precoce a intervenção, maior a chance de estabilização e sobrevida. Em resumo: a LEMP é causada pela reativação do vírus JC em pessoas imunossuprimidas, não é transmissível de pessoa para pessoa, e não tem cura específica, mas pode melhorar ou estabilizar com reconstituição da imunidade e tratamento de suporte especializado. Reforço que esta resposta tem caráter informativo e não substitui uma consulta médica individual. O acompanhamento com neurologista especializado em neuroinfecções é essencial para confirmar o diagnóstico e conduzir o tratamento adequado. Coloco-me à disposição para ajudar e orientar, com consultas presenciais e online em todo o Brasil, com foco em neurologia clínica, neuroinfecções e medicina do sono, sempre com uma abordagem técnica e humanizada. Dra. Patrícia Gomes Damasceno – Neurologista | Especialista em Medicina do Sono | CRM 11930-CE | RQE nº 7771 | RQE nº 8082