O que a literatura psicanalítica fala sobre a possibilidade de amar duas pessoas (do ponto de vista

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O que a literatura psicanalítica fala sobre a possibilidade de amar duas pessoas (do ponto de vista amoroso) ao mesmo tempo?
Boa noite! O que posso lhe dizer a esse respeito é que do ponto de vista primitivo, somos naturalmente poligâmicos, pois trata-se de uma erança ancestral. Na época das cavernas era natural para o homem manter mais de um parceiro sexual. Assim, é possível gostar de mais de uma pessoa. É a cultura que dita as regras de conduta que devemos seguir e aqui no Brasil é definido a monogamia, muito reforçado pela religião, que também está inserida na cultura. Em outros povos, como na Índia por exemplo, é aceito é está tudo certo. Desse modo, é estabelecido no sujeito um conflito entre seu desejo poligâmico e a censura (censura externa - sociedade e censura interna - aprendizado) podendo produzir adoecimento psíquico, gerado pela duvida, sentimento de culpa e inadequação. Quando existe consenso de se relacionarem com mais de um parceiro (poliamor) não existe o conflito, mas o desafio de viver com os preconceitos da censura externa. Se não existe essa possibilidade na situação vivênciada vai ser necessário fazer uma escolha, negociando com o próprio desejo ou até mesmo escolhendo parceiros que topem esse tipo de relação. Espero ter ajudado! Um abraço!

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As respostas dos colegas foram impecáveis, eu só traria alguns pequenos acrescimos ao que eles explicaram anteriormente. O primeiro é que nós tendemos fortemente a repetir nosso complexo de édipo na vida adulta, sendo assim, pode ter acontecido do sujeito ter adotado a mãe como principal objeto de desejo e outras pessoas como objetos secundários, bem como pode ter se identificado com a bigamia de um dos seus genitores. Segundo, algumas pessoas que tiverem um ambiente que não lhes ofereceu condições para distinguir amor de desejo, tendem a confundir afetos com desejos e a acharem que amam mais de uma pessoa (no sentido romântico), quando na verdade amam uma e desejam outra. Terceiro, que algumas pessoas, para obterem a totalidade de seus desejos atendidos, fazem uma cisão do objeto de desejo, obtendo satisfação de uma parte das suas expectativas numa pessoa e a segunda parte das suas expectativas satisfeitas pela segunda pessoa. A monogamia é um campo minado de paradoxos, ao passo que temos profundos desejos de posse sobre quem amamos, nem sempre o tratamos de acordo com a ética de uma relação monogâmica, seja porque algumas pessoas não conseguem controlar seus impulsos seja por outros não possuírem os recursos psíquicos necessários para lidar com as relações, ou mesmo porque suas expectativas são expressões de um desejo muito voraz.
Espero ter contribuído um pouco. Um abraço!
Como já responderam os colegas, somos por natureza poligâmicos, mas a sociedade atual e as religiões ditam regras para uma melhor organização social. Mas são basicamente culturas nos diferentes países. Proibido amar duas pessoas não é, mas exercer esse amor socialmente já é outra questão
O desejo pode estar dividido, porque não?
Eu acho interessante quando Lacan, ao trabalhar o tema amor, escreve: "Amo-te em ti, mais do que tu". Temos a ilusão de amar pessoas, posto que construimos nossa identidade a partir do outro, que nos referencia. Mas amamos o que no outro localizamos como falta. Nosso amor primeiro sempre buscará existir onde não estamos. dessa forma, não podemos, para a psicanálise, amar o outro. Mas nos amamos no outro a partir do que ele nos completa. O amor é "dar o que não se tem (a falta) à quele que não quer ". Ninguém deseja a falta de alguém, mas ser alguém que é desejado. Dessa forma, sim, podemos amar duas pessoas, sem que isso comprometa cada amor, pois o amor sendo nosso, nunca será completado...sempre será buscado.
No Texto de 1914 Freud apresenta o conceito do narcisismo, denotando a constituição do eu e as relações amorosas. A partir do referido é possível pensar a questão proposta. Entretanto, muitos aspecto estão envolvidos na questão, entre eles: sentimento de perda, falta, ambivalência afetiva... importante, em análise contextualizar os referidos elementos com a história do paciente e seu discurso.
A vida em sociedade nos coloca a barreira necessária para controlarmos nossos desejos no que se refere a escolha romântica .Comumente , escolhemos sim , atrelado a questões edipicas , que vamos amar e a outra escolha vai estar no lugar das fantasias e desejos românticos . Importante trabalhar na análise , em busca de causar menos sofrimentos nesta escolha .
Prezado(a), agradecemos pela curiosidade no tocante ao questionamento. Claro, que embora exista uma unicidade e/ou peculiaridade atribuída, partimos do pressuposto psicanalítico. Nesse sentido, caso iniciasse um trabalho seria comum a identificação das estranhezas e ambivalências, especialmente no que concerne a escolha do objeto amoroso. Estas, sobretudo, como provenientes da constituição psíquica subjetiva e que deriva inúmeras inquietações internas. Acredito que a contribuição dos colegas tenha sido diretiva ao mencionar alguns conceitos teóricos psicanalíticos que possam interferir na escolha objetal. Mas, penso que para além dessas contribuições, é pertinente considerarmos a inserção cultural onde algumas regras nos são exigidas e, para tanto, alguns desejos precisam ser recalcados. Diante do exposto e enquanto profissional psicanalista acredito que sim, é muito possível termos vários amores e nos dividirmos em várias versões. O que não necessariamente invalida e/ou inviabiliza o que somos. Espero ter contribuído e desde já coloco-me a disposição para futuras indagações.
Um dos pilares da psicanálise é viver sob o princípio do prazer. Em O Mal Estar da Civilização, trata do conflito instalado no sujeito quando precisa limitar suas vontades para se submeter as normas sociais.
A frustração faz parte do amadurecendo e habilitação do sujeito para o convívio social. Conhecer-se habilita o indivíduo a viver ou renunciar seus amores.
Penso que nenhuma teoria, tampouco a psicanalítica, deva ser usada para se estabelecer ou ditar normas de comportamento. É sempre uma questão de saber o que serve para cada pessoa. E isso é algo que pode ser descoberto em um boa psicoterapia.
É possível sim! Através da análise é possível também trazer menos dores as escolhas edípicas de amar.
Podem as duas pessoas amadas representarem dois mundos: uma pessoa representa a solidez e a outra aventura. A dualidade da solidez da família, responsabilidade, filhos, estabilidade, seriedade, contrapondo-se a curtição, balada, lazer, diversão, alegria. Geralmente termina quando a pessoa amada da solidez descobre ou da aventura se cansa.
Podem as duas pessoas amadas representam um transição de mundos: a pessoa que ama está em transição, admira uma personalidade mais tranquila em alguns momentos e uma extrovertida em outros. Alguma hora a pessoa em transição decide por uma das personalidades.
São muitas as possibilidades de se amar duas pessoas.
E, em análise, são muitas as possibilidades de se aliviar as angústias de nossa origem poligâmica em uma cultura monogâmica. Falar sobre as pulsões sexuais em vez de se submeter a ela sem refletir; e, pensar são consequência se suas escolhas edípicas são duas dessas possibilidades.
O que você tem a dizer sobre isso?
A psicanálise não vai dizer por você. A psicanálise implica o sujeito a suas escolhas. Procure uma análise para suas interrogações.
A psicanálise não vai trabalhar com o "certo e errado" porque nossas pulsões não são morais e nem temporais. É sim perfeitamente possível que você ame mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
Esta resposta esta em você, um psicanalista poderá te ajudar a pensar, refletir e elaborar o porque desta sua duvida. Para a psicanalise, não existe o certo ou o errado, existe o desejo do analisante.
Já fez analise? talvez esta seja uma ótima oportunidade para você começar.
O amor é uma manifestação singular, ou seja, não é possível generalizá-lo. Isso quer dizer que a sua forma de amar será sempre única, independente do que dizem as regras ou protocolos sociais. A psicanálise de orientação lacaniana não tenta responder questões para todos, mas para cada um.
Como disseram os outros especialistas, a psicanálise não irá julgar nenhum comportamento. Mas vai refletir sobre ele. O que poderia significar para aquela pessoa que acha que ama duas pessoas ao mesmo tempo? Uma talvez preencha algumas necessidades suas, como a manutenção da família, a presença dos filhos, a casa, os bens materiais, A outra toca profundamente a sua alma e existe uma admiração que a atrai como imã . São duas formas diferentes de amar. Nas sessões de psicoterapia a pessoa vai ter oportunidade de refletir sobre seus sentimentos, sem julgamentos. O que resolverá depende de cada um.
Bom dia. Para algumas pessoas o poliamor é um modo de funcionar. Mas o que me parece importante é se esta questão remete ao seu modo de funcionar, ela deve ser analisada no seu contexto e na sua vivência particular do mundo e das relações. Não existe uma regra que possa ser aplicada para todo mundo. É necessário estar atento ao sofrimento e como ele se articula com as escolhas que cada um faz, sempre remetendo à sua história pessoal e à sua singular capacidade de interpretar o mundo.
Bom dia!
Muito interessante sua pergunta e nada simples de ser respondida... acho que antes de mais nada temos que pensar que existem diversas formas de amar... e a questão que me vêm é de que amor ou a que amores você se refere em sua pergunta?! Dentro da psicanálise podemos encontrar diferentes teorias sobre o amor, conforme o viés psicanalítico que seguimos... o amor para Winnicott, por exemplo, é muito diferente do que diz Lacan de forma geral... então acho que você deveria procurar entender de que amor vc fala e tudo o que envolve o amor para vc... entender o se passa em você com relação a uma pessoa e outra seria muito melhor do que tentar se encaixar numa teoria pronta... e para isso, o melhor caminho seria a análise pessoal!
Espero ter ajudado um pouquinho e fico à disposição!
Abraços e ótimo dia!
Ana
Olá! Em psicoterapia você pode aprofundar seu auto-conhecimento e compreender, a partir de sua própria alteridade, os motivos e ou as razões para os seus sentimentos, de modo a ficar bem consigo mesmo a partir da autoaceitação. Então você poderá também dialogar com as pessoas envolvidas e vocês poderão chegar a um consenso sobre que tipo de relacionamento vocês desejam, de modo que seja positivo para todos.
Saúde e paz, a psicanálise lhe ajudará a compreender seus desejos. Mais do que isso: no setting analítico, sob o manejo de um profissional qualificado, você entenderá os fatores que levam sua energia libidinal - substrato da pulsão - a se prender a determinados objetos. Procuramos no outro uma falsa sensação de completude. Damos o que não temos - uma das hipóteses de Lacan para o amor - com intuito de mascarar uma falta. Mas o motivo de seu narcisismo lhe lançar em direção a duas pessoas só se tornará cognoscível se você se implicar verdadeiramente na análise, como uma colega sugeriu. Dizer que somos poligâmicos e barrrados pela cultura não basta. É necessário investigar por que seu psiquismo está operando desta forma. Boa sorte!
A literatura psicanalítica tem uma visão complexa sobre a possibilidade de amar duas pessoas ao mesmo tempo. De acordo com a teoria psicanalítica, as emoções e os desejos humanos são profundamente influenciados por nossas experiências passadas e por nossos complexos inconscientes.

De acordo com Sigmund Freud, o amor é um desejo inconsciente de se unir com outra pessoa, como uma forma de satisfazer nossas necessidades emocionais e de segurança. Ele acredita que o amor é baseado em uma projeção de nossas necessidades inconscientes em outra pessoa, e que essa projeção é baseada em nossas experiências passadas, especialmente com nossos pais.

Já para Jacques Lacan, o amor é visto como uma busca pelo Outro, ou seja, a busca por um complemento de si mesmo. Segundo ele, o amor é uma tentativa de preencher as lacunas inconscientes que existem dentro de cada indivíduo. E essa busca pode se dar com diferentes pessoas ao mesmo tempo.

Outros autores, como Melanie Klein, também apontam que as pessoas podem sentir amor por mais de uma pessoa ao mesmo tempo, e que esses sentimentos podem ser distintos e distintamente ligados a diferentes aspectos da personalidade, e que são baseados em diferentes necessidades e complexos inconscientes.

Em resumo, a literatura psicanalítica sugere que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, mas que isso é influenciado por nossas experiências passadas, nossos complexos inconscientes e a busca pelo complemento de si mesmo. É importante lembrar que cada individuo é único e pode ter suas próprias motivações e razões para sentir amor por mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

Além disso, a literatura psicanalítica também destaca que esses sentimentos de amor podem ser complexos e ambivalentes, e que eles podem ser influenciados por questões de dependência, insegurança e medo de solidão. E também que esses sentimentos podem ser difíceis de lidar, e podem causar conflito interno e dor emocional.

É importante notar que a literatura psicanalítica também destaca a importância de uma análise profunda dos sentimentos e desejos de cada indivíduo, e que essa análise deve ser feita por um profissional qualificado.

Em geral, amar duas pessoas ao mesmo tempo pode ser uma situação complexa e desafiadora, e é importante que cada indivíduo examine seus próprios sentimentos e desejos para entender melhor essa situação e tomar decisões informadas.
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A psicanálise oferece uma perspectiva única sobre as complexidades das relações amorosas e a possibilidade de amar duas pessoas ao mesmo tempo. No cerne dessa discussão está a ideia de ambivalência nas relações, um conceito central na teoria psicanalítica. A ambivalência refere-se à coexistência de sentimentos contraditórios em relação à mesma pessoa. Em termos amorosos, isso pode significar que você é capaz de amar duas pessoas ao mesmo tempo, mesmo que os sentimentos em relação a cada uma delas sejam complexos e contraditórios. É importante lembrar que a ambivalência é uma parte natural das relações humanas e não é algo que deva ser reprimido ou ignorado. Além disso, o Complexo de Édipo, proposto por Freud, destaca o conflito emocional que ocorre na infância em relação aos pais. Embora tenha sido originalmente aplicado à infância, algumas interpretações estendem a ideia para a vida adulta, sugerindo que os padrões ambivalentes nas relações podem ter raízes profundas na nossa história pessoal e nas relações com figuras parentais. A teoria psicanalítica também reconhece a existência de objetos transicionais, que são elementos que nos ajudam a lidar com a transição entre o mundo interior e exterior. Em termos de relacionamentos, isso pode significar que uma pessoa pode servir como fonte de conforto e desafio, criando uma variedade de sentimentos ambivalentes. Em última análise, a capacidade de amar duas pessoas ao mesmo tempo é uma experiência que pode ser vivida de maneiras diversas por diferentes indivíduos. O importante é compreender e respeitar a complexidade das relações humanas e buscar relacionamentos que sejam éticos, consensuais e respeitosos. Se você está passando por essa situação ou tem dúvidas, é útil conversar com um profissional da área, como um psicanalista ou terapeuta especializado em relacionamentos, para explorar seus sentimentos e entender melhor sua própria experiência. Lembre-se de que não está sozinho, e suas experiências e sentimentos são válidos.
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Olá, a questão do amor é central em nossas vidas. Todos, de um jeito ou de outro, buscam meios de serem reconhecidos (em seus desejos, anseios, necessidades), aceitos, valorizados. A contribuição da psicanálise a esse respeito abarca tanto as marcas subjetivas na história de cada um quanto o aspecto cultural e histórico em que se desenrola a vida do sujeito. Diante dos conflitos internos, externos, pressões sociais, inúmeros modelos de relacionamento, o que você deseja? Quem deseja em você? O que é seu o que é do outro em você? A psicanálise como escuta clinica é uma ferramenta poderosa para que o sujeito consiga se apropriar de si, de suas questões e das consequências de suas escolhas.

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