Nutrição e câncer de mama: como levar uma vida saudável

A nutrição oncológica é o ramo destinado a adaptar a alimentação a cada momento da doença oncológica, os tratamentos recebidos e os possíveis efeitos colaterais. O objetivo é garantir que a pessoa afetada pela doença mantenha um bom estado nutricional durante o processo de tratamento, evitando o deterioro e melhorando os possíveis efeitos colaterais. Durante a doença, ocorrem mudanças na composição corporal que precisamos enfrentar com a alimentação. Muito comum é a perda de massa muscular e/ou aumento de gordura, o que pode afetar a evolução da doença.

Dieta e câncer de mama

O desenvolvimento do câncer de mama é um processo multifatorial no qual intervêm fatores genéticos, ambientais e hormonais. A influência da dieta no desenvolvimento do câncer de mama está sendo amplamente estudada. A manutenção de dietas hipercalóricas, ricas em açúcares refinados, carne e gorduras saturadas e pobres em frutas e vegetais, e consequentemente em fibras e vitaminas, está relacionada a um maior risco de desenvolver a doença.

Proteínas

As proteínas são necessárias para o crescimento e reparação do tecido corporal. Quando o organismo não recebe proteína suficiente, pode recorrer à própria massa muscular como combustível no processo oncológico, o que pode prolongar o tempo de recuperação. Pessoas com câncer frequentemente precisam de mais proteína do que o usual. Após cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, proteína adicional é necessária para curar os tecidos e ajudar a combater infecções. Entre as boas fontes de proteína encontramos:

• Carne magra como frango, peru ou coelho
• Peixe
• Ovos
• Produtos lácteos
• Legumes

Gorduras

As gorduras têm um papel importante na nutrição, servem como fonte e reserva de energia, transporte e armazenamento de vitaminas lipossolúveis e são um precursor hormonal. No caso do câncer de mama, diversos estudos clínicos sugerem que a suplementação com ômega-3 pode promover efeitos benéficos durante o tratamento, como a redução dos efeitos secundários (perda de massa muscular, fadiga, inflamação…) e a sensibilização das células tumorais aos tratamentos. Na prática clínica, não existe nenhuma recomendação específica, mas é verdade que a maioria das orientações recomendam aumentar o consumo.
Os ômega-3 podem ser encontrados em:

• Óleos vegetais: embora o óleo de soja, milho ou gérmen de trigo os contenham, suas quantidades são muito menores do que as encontradas no óleo de linhaça ou azeite de oliva
• Sementes de linhaça ou chia
• Peixes gordurosos em maior proporção do que os brancos
• Nozes, principalmente
• Abacate

Carboidratos

São a principal fonte de energia para o organismo. Além de fornecerem vitaminas e minerais, também nos fornecem uma grande quantidade de fibras. Para conseguir isso, devemos evitar cereais refinados. Uma maneira simples e nutritiva de complementar as refeições durante o período da doença é adicionar em cada refeição principal (almoço e jantar) uma pequena porção de cereais integrais, como macarrão, arroz, quinoa, painço, trigo sarraceno e terminar essas refeições com frutas.

Água

É importante manter um estado de hidratação ótimo. Durante o tratamento podem ocorrer efeitos colaterais como febre, vômitos ou diarreia, nos quais se perde líquido, podendo levar a um estado de desidratação. As gelatinas caseiras são uma boa opção para aumentar a ingestão de líquidos, além de fornecerem proteínas.

Vitaminas e minerais

O corpo precisa de uma quantidade adequada de vitaminas e minerais para funcionar corretamente, e podemos encontrá-los naturalmente nos alimentos. Uma pessoa com uma alimentação variada e equilibrada geralmente obtém vitaminas e minerais suficientes dela, mas durante o tratamento podem ocorrer complicações que impeçam uma boa alimentação.
Os antioxidantes que incluem vitamina A, C e E, além de selênio e zinco, absorvem e se ligam aos radicais livres para evitar que ataquem as células normais. Esses micronutrientes, embora todos sejam necessários, merecem atenção especial durante os períodos oncológicos. As principais fontes são:

• Vitamina A: cenoura, manteiga, ovos, laticínios gordurosos, queijo curado
• Vitamina E: óleos vegetais, nozes, pistaches, amendoins, atum
• Vitamina C: pimentão, brócolis, couve-flor, morangos, kiwi, mamão, cítricos, espinafre ou tomate
• Selênio: peixe, frutos do mar, carnes vermelhas, cereais integrais, ovos, frango e alho
• Zinco: gérmen de trigo, nozes, amendoim, frutos do mar e legumes

Dicas gerais para o planejamento da dieta

Horário: o horário deve ser planejado para permitir as refeições adequadas, pois pode ser condicionado pelo horário do tratamento ou curas. Devemos aproveitar o apetite da pessoa.

• Volume das refeições: pequenas quantidades são melhor toleradas.
  Ambiente tranquilo: com companhia agradável e tempo suficiente para comer. Evitar odores desagradáveis ou preparações culinárias muito condimentadas.
• Apresentação e preparação dos pratos: devemos respeitar os desejos da pessoa. As combinações de alimentos e cores dos pratos devem chamar a atenção. Uma boa opção para as refeições principais é preparar pratos completos que incluem vegetais, cereais integrais e proteínas, como brócolis com arroz e salmão ou legumes com massa e frango.
• Lanches entre as refeições: é um bom momento para adicionar alimentos de pequeno volume que nos ajudem a atingir as recomendações. Os alimentos frios costumam ser melhor tolerados, como laticínios com frutas e nozes ou torradas de homus e queijo com nozes.

É importante manter uma alimentação variada e equilibrada, de acordo com as diferentes necessidades do paciente durante o período oncológico, seja pelo próprio tratamento ou por efeitos colaterais que possam surgir. É recomendável que haja supervisão e/ou acompanhamento de uma equipe multidisciplinar onde esteja presente a figura do nutricionista.