Isadora Rath Kolyniak

Psicoterapia voltada para a população LGBTQIAPN+

O diferencial na psicoterapia voltada para essa população é simplesmente o respeito e garantia de um espaço seguro, sem homofobia. É importante sinalizar esse diferencial, considerando a construção da Psicologia, que patologizou orientações sexuais e identidades de gênero dissidentes historicamente.

Transtorno da personalidade borderline

Caracterizado centralmente por instabilidade emocional - com muita impulsividade e insegurança -, esse transtorno de "personalidade" exige um olhar especial para o cuidado de si e das relações interpessoais. Em terapia é possível manter a autorreflexão, ponderar as sensibilidades envolvidas nos relacionamentos e buscar estratégias para lidar com emoções intensas, especialmente as que desdobram em comportamentos de risco. É um processo que exige também, em geral, um tratamento psiquiátrico em paralelo, para controle de crises.

Depressão

Como com a maior parte das "psicopatologias", a depressão está ligada não só a um processo bioquímico, como também a uma leitura de mundo. Em conjunto com um tratamento psiquiátrico, a terapia se propõe a construir novas possibilidades e perspectivas junto ao paciente, que num modo-de-ser deprimido tende a se interpretar como condenado a permanecer nesse modo, seja por incapacidade, azar ou falta de vontade.

Insegurança

A insegurança muitas vezes está no fundamento da maioria dos nossos sentimentos. Ela diz respeito a uma falta, uma lacuna, que atribuímos a nós mesmos. Frequentemente nos tratamos como uma máquina defeituosa e generalizamos o defeito para presumirmos nosso destino: o defeito, num mundo técnico, significa inutilidade, e quando uma ferramenta passa a ser inútil, nós a jogamos fora. Temos medo de ser jogados fora, medo de perder, de sermos excluídos. No entanto, não somos ferramentas, apesar de sermos tratados assim em diversos ambientes e instituições. Precisamos cultivar espaços em que sentimos segurança como seres humanos, não como coisas. A terapia se propõe a ser um desses espaços.

Dificuldades no relacionamento

Um dos maiores desafios em se relacionar - romanticamente ou não - é lidar com a falta de acesso ao outro, ao que ele pensa, sente e faz. Temos acesso apenas à nossas próprias perspectivas, inseguranças, convicções e vivências. A dificuldade é com tudo que foge do controle, pois nosso mundo funciona na base do controle, da previsibilidade, das regras. Quando se trata de estabelecer limites e conexões com os outros, porém, precisamos construir as regras em tempo real e em conjunto. A terapia pode ser uma das maneiras de refletir sobre o sentidos dessa construção para cada um, e sobre quais barreiras e pontes podem ser criadas.