José Luiz de Campos Castejón Branco

Psicoterapia

Uma aluna, se dirigindo a mim no corredor da faculdade, fez a seguinte questão: - Por que escolhemos a psicologia como horizonte profissional? Confesso que fiquei surpreso com a minha resposta: - Somos psicólogos clínicos não apenas pela oportunidade de compartilhar histórias alheias, também por isso, mas por que gostaríamos que alguém nos ouvisse com o mesmo empenho que dedicamos aos nossos pacientes. Somos mendigos disfarçados, pedintes com ares de nobreza.

Psicoterapia

Comumente, nos deparamos com pacientes queixosos, ademais, pode ser a perpetuação para a prontidão de sintomas indigestos. São defesas óbvias, ineficazes, conhecidas do profissional experiente que podem atingir uma sedimentação de difícil destruição. Propõe-se um esforço simples, mas trabalhoso: paciente insistência e perseverança para abrir espaços. Seria um grande passo para a composição de outras formas de estar na vida, quem sabe, da queixa entediada para um clamor vigoroso?

Psicoterapia

No processo psicoterapêutico, o importante é o vínculo estabelecido entre psicólogo e paciente, independente da abordagem teórica do profissional clínico. Quero ressaltar que no decorrer deste processo tão singular, o terapeuta pode ferir suscetibilidades, contrariar o seu paciente na medida em que percebe contradições em seu discurso. Ora, se a vinculação for de confiança, aos poucos haverá a aceitação necessária para que o encontro entre ambos se torne consistente e suportável, caso contrário, a contrariedade se subverterá em sentimentos negativos, como a mágoa e o ressentimento, defesas que os afastarão de um diálogo profícuo e criativo.

Psicoterapia

1. O psicólogo clínico como um apreciador de mundos e histórias alheias. Resgatar essa atmosfera perdida entre os instrumentos técnicos da contemporaneidade, aliás, apreciar é o fenômeno indispensável para esse acontecimento tão privativo, a psicoterapia. 2. As pessoas gostam de ouvir histórias, não qualquer história, de preferência enredos que lhes tirem da vida ordinária, ou lhes ofereçam um alento para suas vidas cotidianas. O encontro terapêutico requer o desdobrar de velhas histórias há muito paralisadas, portanto, um momento propício para a realização na prática da criação teórica, conjunta. Fenomenologia clínica é prática compartilhada, como tocar piano a quatro mãos!

Tratamento da depressão

A depressão profunda sugere uma desistência, nos conduz perigosamente à permanência na queda, fixando-nos ao passado e transformando o presente sem a perspectiva de futuro, trazendo à tona vivências de inutilidade, morte e escuridão. Entretanto, a depressão (bem como, a angústia) indica-nos uma blindagem contra as agruras da vida, e isso quer dizer que há ali uma resistência, porém, se não compreendida será decomposta com o tempo, sufocamos as possibilidades de alento vital, como o é a respiração, a corporeidade (leia-se aqui, a existência) estará completamente comprometida. Lembrando que, o corpo é a nossa casa, onde a existência se abriga e também se agita no mundo.