Liliana Cunha

Quando eu era criança e me perguntavam – “o que você vai ser quando crescer?” – eu não respondia: “Psicóloga”.
Eu nunca dei essa resposta. Acho que, na verdade, eu nem sabia o que era um psicólogo e o que ele fazia. Devo ter descoberto isso lá pela minha fase de pré-adolescência.
A verdade é que quando eu era criança, eu queria ser muitas coisas. Cada vez que eu era questionada a respeito, dava uma resposta diferente e sempre era contestada por alguém: “Mas já mudou de novo?” ou “Você muda muito de ideia!”. Então, com algum ar de audácia infantil e levantando os ombros, como quem havia resolvido a situação, certa vez me arrisquei: “Então eu vou ser mudadora!”.
E aqui estou hoje: Mudadora – ou Psicóloga, como a profissão é oficialmente chamada.
Certamente minha resposta – naquela época – não me parecia ter relação de fato com a minha escolha pela Psicologia anos mais tarde. Apenas assumi o meu gosto pela mudança, minha inquietude com o “ser sempre igual” ou com o “ser uma coisa só”. Fato é que não fui levada muito a sério naquele momento.
Mas sei que dentre tantas coisas que aquela criança queria ser quando crescesse, a Psicologia definitivamente é uma escolha que faria com que ela se orgulhasse!
É claro que não acredito que a Psicologia deva ser vista como algo que muda de forma mágica ou instantânea as situações ou as pessoas. Longe disso. Esse é um processo muitas vezes lento e sem toda essa magia que há no imaginário de muitos. Mas ela é sim transformadora!
Associo a Psicologia à função de “mudadora” pois acredito nela como meio de promover mudanças significativas, mudanças que vem do interior, frutos de reflexão, de encontros íntimos consigo mesmo, que são capazes de tornar as pessoas e a sociedade melhores.
É por isso que eu escolhi a Psicologia, por ser “mudadora”;
“Mudadora” porque não é necessário manter sempre o mesmo ponto de vista a respeito de tudo. “Mudadora” porque é possível mudar pensamentos, comportamentos e sentimentos através da reflexão. “Mudadora” porque ninguém precisa ser sempre igual, ser sempre da mesma forma. “Mudadora” porque é possível evoluir, reconstruir, (re)significar, reformar… Enfim, mudar!
E qual a razão de ser da Psicologia se não promover a mudança, a transformação, por menor que seja?
É por isso que eu escolhi a Psicologia.