A crise de identidade no Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é o mesmo que uma crise existe

Não exatamente. Embora as duas envolvam questionamentos sobre quem se é e o sentido da vida, na crise existencial esses questionamentos costumam surgir em momentos de transição ou reflexão e tendem a ser temporários. Já no Transtorno de Personalidade Borderline, a crise de identidade é mais profunda e recorrente, acompanhada de sentimentos intensos de vazio, insegurança e mudanças bruscas na forma de se ver e de se relacionar com o mundo.

Embora à primeira vista possam parecer semelhantes, a crise de identidade no Transtorno de Personalidade Borderline e a crise existencial comum diferem de forma significativa em sua natureza e profundidade. A crise existencial, que pode ocorrer em qualquer pessoa, costuma surgir em momentos de transição ou questionamento sobre o sentido da vida, as escolhas feitas e o próprio lugar no mundo. Trata-se, portanto, de um movimento próprio do amadurecimento psíquico, em que o sujeito, ainda que angustiado, mantém uma estrutura interna capaz de sustentar a dúvida e de elaborar novos significados. Já no caso do Transtorno de Personalidade Borderline, a chamada “crise de identidade” não representa um questionamento existencial transitório, mas uma desorganização mais estrutural da experiência de si mesmo. O sujeito borderline não apenas se pergunta “quem sou?”, mas sente, de modo mais radical, que não sabe ou não consegue ser alguém de forma contínua. A sensação de vazio, a oscilação entre imagens contraditórias de si e a dependência do outro para se reconhecer indicam que o conflito não é apenas reflexivo, mas vivencial e constitutivo. Em outras palavras, enquanto a crise existencial ocorre dentro de um eu minimamente integrado e é parte de um processo de transformação, a crise de identidade borderline expressa uma fragilidade na própria constituição do eu. O que está em jogo, portanto, não é a busca de um novo sentido, mas a tentativa de sustentar uma identidade que constantemente ameaça se fragmentar.

Não. Embora possam parecer semelhantes na superfície, são processos diferentes.

A crise existencial é comum e pode acontecer com qualquer pessoa, envolve questionamentos sobre vida, escolhas, propósito e futuro. Costuma ser passageira e não compromete de forma intensa a identidade da pessoa.

Já a crise de identidade no Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é mais profunda e frequente. Envolve uma sensação constante de não saber quem se é, mudanças bruscas na percepção de si, dificuldade em manter objetivos, valores e até o próprio senso de continuidade. Isso gera sofrimento significativo e impacta diretamente relacionamentos e decisões.

Ou seja: toda pessoa pode ter uma crise existencial, mas no TPB essa instabilidade é mais intensa, persistente e faz parte do quadro clínico, podendo melhorar bastante com tratamento adequado.