Eu tenho uma dúvida. Às vezes, minhas fezes saem em pedaços, outras vezes são finas, e às vezes norm

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Eu tenho uma dúvida. Às vezes, minhas fezes saem em pedaços, outras vezes são finas, e às vezes normais, com alternância de cores. Será que é alguma coisa no intestino, como flora intestinal desregulada?
Continuo muito empenhado e dedicado a mais uma Pós Graduaçao no Exterior. As exigências sao altas, e nao há tempo para responder.
CONTUDO|
O senhor fala 2 dúvidas interessantes, que muitos me perguntam:
a. doutor, devo ficar muito preocupado com o aspecto de minhas fezes?
b. doutor, o que é e o que faz a famosa flora intestinal?

Quanto a variaçao no aspecto das fezes, estes sao na maior parte das vezes normais. Há situaçoes que merecem atençao. Por exemplo, os sangramentos devem ser verificados, especialmente acima dos 50 anos. Na nossa cultura, é comum atribuir todos os sangramentos a "hemorróidas". De fato, hemorróidas podem sangrar. Mas isso nao quer dizer que todo sangramento venha de hemorróidas.
Outra situaçao importante, que requer atençao médica imediata é evacuar fezes pretas, parecendo piche ou pó de café usado, geralmente com cheiro insuportável. Nesse caso, provavelmente há sangramento do trato digestivo alto, condiçao perigosa e que deve ser verificada.
E outras situaçoes, doutor?
Eu escrevi, como sempre de modo GENERICO, uma lista de situaçoes que podem precisar de avaliaçao. Por exemplo, gordura visível nas fezes pode significar absorçao deficiente, que tem muitas causas.
Já as fezes em cíbalos (bolinhas, duras) são associadas ao intestino preso.
Aliás, perguntar sobre frequencia e aspecto das fezes, especialmente se nao há material patológico (como sangue) é uma das bases de uma consulta detalhada e de alto nível.
Um bom médico(a) sabe o que fazer quando o paciente lhe conta sobre fezes de aspecto patológico.

Publiquei isso há 3 ou 4 anos atrás, aqui mesmo. Quem quiser procurar vai ter um bocado de trabalho, pois já dei milhares de respostas. Mas acho que verá o tema em maior detalhe. Basta entrar no Perfil, depois na seçao Respostas e procurar.

b. por outro lado o senhor fala de um tema palpitante , com muito interesse aqui no Exterior:
O QUE É A TAL FLORA INTESTINAL?
O QUE FAZ A FLORA INTESTINAL?
A flora (chamada por muitos microbioma ou microbiota) sao os trilhoes de microorganismos que vivem no intestino grosso. Sao especialmente bactérias (há mais tipos) que vivem lá. E, ao contrário do que se pensa, nao fazem mal. AO CONTRARIO, eles impedem que microorganismos "malvados" ocupem o intestino e causem doenças.
Mais ainda, esses bichinhos do bem produzem certas substâncias (como os ácidos graxos ) que fazem bem. Essas substâncias atuam no intestino e á distância.
Hoje o papel desses bichinhos está relacionado a uma infinidade de doenças . Eu tenho estudado bastante isso nas Universidades do exterior.
Vou citar algumas doenças:
-no trato gastrointestinal: asssociaçao com diarreias, intestino irritável, doença inflamatória intestinal (retocolite e Crohn) , e a perigosa diarreia por Clostridium dificcile (diarreia que ataca pessoas em UTI e outras internaçoes) entre muitas outras.
- de modo geral: associaçao na patogenese (produçao) de muitas doenças como depressao, diabetes, doenças cardiovasclares inclusive insuficiência cardíaca, entre muitas outras.

É CLARO QUE esses bichinhos despertaram MUITO INTERESSE na comunidade científica séria. Provavelmente as doenças mais importantes que temos estao relacionadas a eles. E isso provoca, nos meios científicos sérios, uma enorme vontade de aprender.

O que já sabemos?
Já sabemos muito. Por exemplo, os bichinhos "do bem" sao substituidos logo nas primeiras horas de uma internaçao em UTI e podem modificar o prognóstico. Isso é importantíssimo!
Sabemos também que os alimentos modificam os tipos de microbiota.
Sabemos que entre esses alimentos, as fibras tem ótima condiçao para modificar a microbiota.

O QUE AINDA NAO SABEMOS?
Nao sabemos a imensa maioria das coisas sobre o microbioma.
Nao sabemos ainda como influencia-los para que permitam uma ausência de doenças.
Sabemos que alimentos como as fibras os modificam. Mas em que quantidade? em que doenças?
TUDO ISSO ESTÁ SENDO INTENSAMENTE ESTUDADO

E as palavras de cuidado?
CUIDADO.
Este é um tema novo até mesmo para Harvard, Yale, Duke.
Sabe-se pouco diante da ENORME tarefa.

E quando sabe-se pouco, os que nao sabem (ou por má fé ou por ignorância) se aproveitam.
Hoje já é fácil falar-se em "produtos probióticos"que modificam a flora intestinal. Mas nem todos que se intutulam "probióticos" o sao.

Vi, com muita tristeza, colegas médicos no interior procurarem fungos nas fezes. Há fungos que sao habitantes normais e benignos do intestino. Nao devem ser eliminados. Mas esses meus colegas davam remedios para eliminar esses fungos, algo sem fundamento científico.
Nao falei com os colegas médicos, só vi os pacientes passarem comigo após "tratamentos" sem indicaçao.
Uma tristeza.

Como sempre, em uma área nova e palpitante, aparecerao os "conhecedores", os "sábios". Esses podem ser perigosos. Falarao (e ás vezes farão) algo ainda desconhecido da ciência. E muitas vezes o fazem com ar confiante, dando a entender que sabem muito sobre esse novo assunto. Nao é incomum ver moços e moças na Internet, dando "idéias" para melhorar doença x ou y. Muitos nao tem a mínima formaçao, e nessa área - completamente nova- será ainda mais perigoso. MUITO MAIS PERIGOSO.
Minha impressao: cuidado. Cautela. Prudência.
POUCO SE SABE SOBRE ISSO, em especial para uso na rotina Clínica.
Vamos esperar o que os reais cientistas, os que estudam tem a dizer.
Só depois utilizaremos nos pacientes.

MINHA IMPRESSAO
Já sabemos alguma coisa da microbiota (flora intestinal). Mas a maior parte do que devemos saber AINDA ESTÁ POR APRENDER.
Por enquanto, vamos ter cautela.
Sou um otimista, e acho que o segredo de muitas doenças (digestivas e outras) está aí. Mas sou um realista. Ainda nao sabemos. E nao devemos deixar nossa Saúde nas maos de quem nao conhece o assunto.

Quanto a mim, espero aprender mais. Estou estudando Clinical Nutrition em um dos maiores centros mundiais, exatamente para aprender mais.
Estou ao lado dos maiores especialistas do mundo e deixo que eles (depois de Deus) me guiem nesse assunto.
Quando eu tiver fatos científicos e formação de alto nível na área, utilizarei para o bem dos meus pacientes.

Se eu conseguir unir Gastroenterologia e Clinical Nutrition para o bem do meu paciente, farei algo mais completo do que faço hoje. Terei avançado no cuidado clínico dado a quem me procura.

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