Por que a insistência na mesmice em mulheres autistas é subdiagnosticada?

3 respostas
Por que a insistência na mesmice em mulheres autistas é subdiagnosticada?
Porque muitas vezes é interpretada como organização, perfeccionismo ou hábito saudável. Como as mulheres autistas tendem a mascarar comportamentos, essa necessidade de rotina passa despercebida, dificultando o reconhecimento do padrão autista.

Tire todas as dúvidas durante a consulta online

Se precisar de aconselhamento de um especialista, marque uma consulta online. Você terá todas as respostas sem sair de casa.

Mostrar especialistas Como funciona?
 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Oi, tudo bem?
Essa é uma pergunta muito importante — e revela uma das razões pelas quais tantas mulheres autistas passam anos sem um diagnóstico adequado. A chamada “insistência na mesmice” é um dos critérios centrais para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas, nas mulheres, ela costuma se manifestar de formas sutis, socialmente aceitas ou até interpretadas como traços de personalidade — o que faz com que passe despercebida.

Enquanto nos meninos ela pode aparecer em comportamentos mais visíveis, como alinhar objetos, seguir rotinas rígidas ou reagir intensamente a mudanças, nas mulheres o padrão costuma ser mais interno. Pode surgir como apego a rotinas emocionais, preferência por amizades muito específicas, fixação em temas de interesse profundo, ou necessidade de previsibilidade em situações sociais. Como essas formas não chamam tanta atenção e muitas vezes são vistas como “organização”, “disciplina” ou “sensibilidade”, acabam mascarando o funcionamento autista por trás.

Além disso, muitas mulheres aprendem cedo a camuflar comportamentos que as diferenciam. Elas observam, imitam e adaptam suas reações para parecerem “normais”, o que faz com que a rigidez interna — o verdadeiro sinal da insistência na mesmice — fique escondida sob uma aparência de flexibilidade. É como se o mundo visse tranquilidade na superfície, enquanto dentro há um esforço enorme para manter o previsível intacto.

A neurociência ajuda a entender esse fenômeno: o cérebro autista busca padrões e estabilidade como forma de autorregulação. Quando tudo está igual, há sensação de segurança; quando algo muda, o sistema nervoso acende o alerta. No caso das mulheres, esse processo se entrelaça com o aprendizado social — e a habilidade de disfarçar a sobrecarga faz com que o sofrimento seja subestimado.

Você já percebeu como reage quando algo foge do planejado? O que acontece dentro de você — irritação, medo, confusão, exaustão? Essas reações, quando olhadas com empatia e sem julgamento, ajudam a compreender que a “mesmice” não é teimosia, é uma tentativa de manter o corpo e a mente em equilíbrio.

Por isso, reconhecer esse traço é essencial para diagnósticos mais justos e para que essas mulheres possam finalmente parar de se cobrar por “não gostar de mudanças”. Afinal, o cérebro autista não resiste por capricho — ele resiste por necessidade. Caso precise, estou à disposição.
A insistência na mesmice em mulheres autistas é frequentemente subdiagnosticada porque se manifesta de forma mais sutil e internalizada do que em homens. Em vez de comportamentos visíveis e repetitivos, ela aparece como apego a rotinas mentais, hábitos discretos ou formas fixas de agir e pensar, que podem ser interpretadas como perfeccionismo, organização ou responsabilidade. Além disso, muitas mulheres aprendem a camuflar essas necessidades para se adequar socialmente, tornando a rigidez menos perceptível. Essa combinação de apresentação discreta e adaptação social dificulta o reconhecimento clínico, atrasando ou dificultando o diagnóstico do transtorno.

Especialistas

Gabriela Rogata Ferreira Vieira

Gabriela Rogata Ferreira Vieira

Psicólogo

Goiânia

Glaucia de Carvalho

Glaucia de Carvalho

Psicólogo

Belo Horizonte

Homero Pedro

Homero Pedro

Terapeuta complementar

São Paulo

Fabíola Carmen Souto Maior

Fabíola Carmen Souto Maior

Psicopedagogo

Bezerros

Renata Camargo

Renata Camargo

Psicólogo

Camaquã

Luis Falivene Roberto Alves

Luis Falivene Roberto Alves

Psiquiatra

Campinas

Perguntas relacionadas

Você quer enviar sua pergunta?

Nossos especialistas responderam a 1071 perguntas sobre Transtorno do Espectro Autista
  • A sua pergunta será publicada de forma anônima.
  • Faça uma pergunta de saúde clara, objetiva seja breve.
  • A pergunta será enviada para todos os especialistas que utilizam este site e não para um profissional de saúde específico.
  • Este serviço não substitui uma consulta com um profissional de saúde. Se tiver algum problema ou urgência, dirija-se ao seu médico/especialista ou provedor de saúde da sua região.
  • Não são permitidas perguntas sobre casos específicos, nem pedidos de segunda opinião.
  • Por uma questão de saúde, quantidades e doses de medicamentos não serão publicadas.

Este valor é muito curto. Deveria ter __LIMIT__ caracteres ou mais.


Escolha a especialidade dos profissionais que podem responder sua dúvida
Iremos utilizá-lo para o notificar sobre a resposta, que não será publicada online.
Todos os conteúdos publicados no doctoralia.com.br, principalmente perguntas e respostas na área da medicina, têm caráter meramente informativo e não devem ser, em nenhuma circunstância, considerados como substitutos de aconselhamento médico.