Por que a insistência na mesmice pode se apresentar de forma diferente em mulheres autistas?

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Por que a insistência na mesmice pode se apresentar de forma diferente em mulheres autistas?
Em mulheres autistas, a insistência na mesmice pode ser mais sutil e socialmente camuflada, como manter rotinas discretas, interesses intensos ou hábitos que parecem comuns aos outros. Mesmo assim, essas práticas ajudam a reduzir ansiedade e dar sensação de controle.

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 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Oi, tudo bem? Essa é uma pergunta muito rica — e que ajuda a quebrar vários estereótipos sobre o autismo. A chamada “insistência na mesmice”, ou necessidade de rotina e previsibilidade, aparece com frequência em pessoas autistas, mas em mulheres tende a se manifestar de formas mais sutis e socialmente camufladas. Enquanto em alguns homens autistas isso pode ser percebido como um apego explícito a rituais, horários ou temas específicos, nas mulheres, muitas vezes, essa busca por estabilidade se disfarça sob comportamentos socialmente aceitos, como o perfeccionismo, o controle emocional ou a tentativa de manter a harmonia em todas as situações.

O cérebro autista costuma reagir mal à imprevisibilidade — é como se cada mudança ativasse um pequeno alarme interno, pedindo por segurança e controle. Mas, por uma questão cultural e de aprendizado social, muitas meninas crescem ouvindo que devem ser “agradáveis”, “compreensivas” e “flexíveis”, então aprendem a conter essa rigidez externamente, mantendo o desconforto dentro de si. Isso pode gerar exaustão, ansiedade e uma sensação de estar sempre “andando em corda bamba” para não desagradar ninguém.

Em termos emocionais, a mesmice traz algo muito mais profundo do que rotina: ela é uma tentativa de garantir previsibilidade para o sistema nervoso, que já tende a viver em estado de hiperalerta. Por isso, quando o ambiente muda ou alguém quebra um combinado, não é apenas incômodo — o corpo inteiro reage, como se algo essencial tivesse sido ameaçado.

Talvez valha se perguntar: o que a constância representa para você — segurança, controle ou paz? E o que costuma acontecer dentro de você quando algo foge do esperado? Essas respostas ajudam a entender que a “insistência na mesmice” não é teimosia, mas uma forma de o cérebro tentar proteger o equilíbrio interno.

Na terapia, o foco costuma ser justamente esse: ajudar a pessoa a ampliar sua tolerância às mudanças, sem precisar abrir mão da sensação de segurança que a previsibilidade traz. Quando o corpo e o cérebro aprendem que podem se adaptar sem perder o chão, a vida começa a ficar mais leve. Caso queira conversar mais sobre isso, estou à disposição.
A insistência na mesmice em mulheres autistas pode se manifestar de forma mais sutil ou socialmente camuflada do que em homens, por exemplo, por meio de rotinas flexíveis dentro de padrões socialmente aceitos ou interesses intensos que parecem “normais” para o ambiente. Do ponto de vista psicanalítico, essa insistência funciona como um mecanismo de previsibilidade e segurança diante de um mundo percebido como caótico ou imprevisível. Em mulheres, muitas vezes há uma adaptação social maior, o que faz com que a rigidez esteja presente internamente, na necessidade de controlar estímulos, pensamentos ou emoções, sem se evidenciar de forma explícita no comportamento externo. Assim, a mesmice pode ser menos visível, mas ainda cumpre a função de proteção psíquica e autorregulação.

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