Que tipos de Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) existem?

2 respostas
Que tipos de Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) existem?
 Maisa Guimarães Andrade
Psicanalista, Psicólogo
Rio de Janeiro
Olá, agradeço por sua pergunta, que demonstra um desejo importante de compreender com mais profundidade o funcionamento psíquico e o sofrimento associado ao Transtorno de Personalidade Borderline. Do ponto de vista da psicanálise, não classificamos o sujeito por rótulos rígidos, mas buscamos compreender a singularidade de cada história, os modos particulares com que cada pessoa lida com seus afetos, seus vínculos e sua dor. No entanto, reconhecemos que dentro do chamado Transtorno de Personalidade Borderline há diferentes formas de expressão clínica, o que ajuda a entender por que algumas pessoas apresentam manifestações mais visíveis e impulsivas, enquanto outras vivem um sofrimento mais silencioso e internalizado.

De modo geral, a literatura clínica descreve variações ou subtipos que ajudam a ilustrar essas diferenças. Há o tipo mais impulsivo, em que predominam comportamentos explosivos, dificuldades em lidar com frustrações, uso de substâncias, compulsões ou tentativas frequentes de evitar o abandono por meio de ações intensas. Há também o tipo mais emocionalmente instável, marcado por oscilações rápidas de humor, sensações de vazio, crises afetivas e uma intensa ambivalência nos vínculos. Outra forma possível é o chamado borderline "invisível", em que o sofrimento é mais contido, internalizado, e a pessoa tende a se apresentar como funcional, mas vive intensamente o medo de rejeição, a autocobrança e a sensação de não pertencimento.

Na escuta psicanalítica, o mais importante não é enquadrar o sujeito em um subtipo, mas compreender o que esses modos de funcionamento representam em sua história. O borderline, em suas diversas manifestações, carrega uma dor muito primitiva ligada a experiências precoces de abandono, instabilidade afetiva e dificuldade de simbolizar perdas e frustrações. Os sintomas – sejam eles externos ou internos – são tentativas inconscientes de lidar com essa dor, de buscar um contorno para algo que foi vivido de forma muito intensa e sem amparo.

A terapia psicanalítica oferece um espaço de escuta profunda onde o sujeito pode, aos poucos, reconhecer a origem do seu sofrimento, nomear o que antes era vivido como caos, reorganizar sua forma de se relacionar e desenvolver recursos mais estáveis para lidar com suas emoções. Ao invés de tentar controlar os sintomas diretamente, a análise propõe uma travessia em que o sujeito passa a se escutar, a se apropriar de sua história e, com isso, transformar o modo como vive seus afetos.

Se você se reconhece em alguma dessas descrições ou sente que há um sofrimento emocional que não tem encontrado lugar de compreensão, saiba que a terapia pode ser um espaço potente para dar voz a essa dor e, com o tempo, construir uma forma mais cuidadosa e possível de estar no mundo. Estou à disposição caso decida iniciar esse processo.

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O TPB não tem tipos oficialmente reconhecidos, mas clinicamente pode ser descrito em formas, como o borderline impulsivo (mais explosivo e instável), o borderline silencioso (mais internalizado e autocrítico) e o borderline idealizador-desvalorizador (oscilação intensa na visão dos outros).

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