Dr. Daniel de Souza Pereira

Os cistos periodontais são originados pelos próprios tecidos que formam os dentes, ou seja, são odontogênicos. A origem deles não é conhecida e podem sim levar à uma expansão da cortical óssea. Sua remoção é indicada. Devido à maior prevalência dos cistos periapicais e sua semelhança fonética e escrita acho relevante alertar que são diferentes e com tratamentos diferentes, portanto independente do quadro que apresente é necessária uma avaliação rigorosa com exame clínico e radiográfico iniciais para guiar o melhor tratamento para o caso.

Bom dia! O procedimento de facetas em resina composta, apesar de muito comuns, são muito complexos e exigem um alto grau de refinamento da técnica para que seja bem executado. A sensibilidade, ou dor, pós procedimento pode ter origem em diversos fatores que necessitam de um exame clínico mais detalhado para avaliar suas origens. Porém, alguns fatores que podem ocasionar tal sensibilidade são: Apesar do procedimento ser popularmente conhecido como uma técnica estética que possibilita tratamentos sem desgaste, em alguns casos é necessário realizar os desgastes (mesmo quando se trata de resinas compostas) devido ao posicionamento inadequado ao projeto proposto (o qual não foi possível ou optado realizar com ortodontia prévia), levando a desgastes para "nivelar" as áreas do dente que "passariam" da região pretendida ao contorno do "novo sorriso". Dependendo da magnitude do desgaste e de sua região (a parte do dente que está perto da gengiva tem uma camada muito fina de recobrimento de esmalte, algo entre 0,3mm) pode levar à exposição de um tecido chamado dentina. Essa dentina tem uma característica diferente do esmalte, a mesma possui prolongamentos nervosos e túbulos que contém fluídos que, além de tornar a técnica adesiva menos efetiva, podem gerar sensibilidade dependente de alguns fatores (bem técnicos, como por exemplo o sobrecondicionamento em caso de opção pela técnica de condicionamento ácido em dentina, gerando uma degradação do tecido excedente à área penetrada pelo adesivo optado pela infiltração). Outra causa recorrente de falhas em restaurações de facetas em resina composta são os sobrecontornos cervicais e proximais, que são excessos de material que permitem o acúmulo de resíduos e proliferação bacteriana, podendo causar irregularidades permissivas à passagem de estímulos sensitivos e/ou infiltração de tecido cariado nessa margem. A temperatura da fotoativação (aquela luz azul que utilizamos para polimerizar/("endurecer", apenas para entender o conceito me ative à essa definição) pode gerar danos irreversíveis à vitalidade da polpa dental (Normalmente podemos diminuir a temperatura dessa etapa utilizando jatos de ar durante o procedimento de fotoativação). A subpolimerização (faltou energia da luz azul para polimerizar essa resina adequadamente) pode gerar esse aspecto de ausência de brilho, porém essa ausência pode se dar também pela característica das partículas da resina utilizada, sua manipulação, sequência inadequada de brocas, borrachas, discos, feltros e pastas de polimento no processo de regularização que chamamos de "acabamento e polimento". Contatos prematuros em casos de aumento da espessura da parede palatina (parte do dente interna, que fica virada para o "céu da boca") e/ou incisais podem gerar quadros de inflamação no tecido que recobre a raiz do dente, que chamamos de pericementite. Algumas peculiaridades individuais também podem levar à sintomatologia mais dolorida do caso, como pacientes que tem um quadro de hipersensibilidade dentinária (ocasionada por particularidades específicas da estrutura do dente ou por uma hiperpolarização do impulso nervoso sobre o nervo), sendo estes, mais susceptíveis à sensibilidade pós procedimento. O uso de anti inflamatórios irá apenas "mascarar" a origem do problema, não causando sua resolução, e apesar do bônus de permitir um conforto analgésico do caso tem o ônus de gerar efeitos colaterais adversos como sobrecarga renal, inibição de enzimas específicas que levam à processos de proteção da mucosa gástrica, hepatotoxicidade entre outros. Tentei condensar as informações de uma maneira sucinta, porém o procedimento apresenta um grau de variáveis que poderia estender a busca por possíveis agentes causadores desse quadro que iria se alongar muito e cairia em detalhes muito técnicos. O que posso afirmar é que reforço minha posição inicial sobre a dificuldade da técnica que, por exemplo no meu caso, levei mais de 10 anos para aperfeiçoa-la de uma maneira que consigo uma alta previsibilidade dos resultados e controle de sensibilidade. Recomendo retornar ao dentista que realizou o procedimento ou outro profissional com a intenção de investigar a fundo quais foram as causas responsáveis especificamente pelo quadro que você apresenta no momento e então realizar os procedimentos necessários para sua resolução. Vou apenas listar alguns itens que poderia desmembrar para mais possíveis causas desse quadro, porém sem explicitar cada detalhe deles: exame clínico prévio para avaliação de áreas de trincas, desgastes, retrações, cáries ou restaurações pré existentes. Qualidade, conservação, temperatura durante o procedimento, irrigação e pressão exercidas pela broca durante os desgastes. Qualidade dos componentes ácidos e sua tixotropia em relação ao condicionamento parcial ou total da estrutura do dente, tempo de condicionamento, tempo de lavagem e secagem para não colabar fibras colágenas. Qualidade, indicação e manipulação do adesivo, em caso de áreas com dentina exposta e consequentemente necessidade de utilizar primer (seja em frasco único ou em passo distintos) a evaporação dos solventes pelo tempo correto (normalmente 15/20 segundos), aplicação do bond em toda área condicionada previamente, eliminação dos excessos e polimerização adequada respeitando o tempo e controle de temperatura do mesmo. Tamanho do incremento, particularidade das contração de polimerização da resina escolhida, remoção dos excessos cervicais e proximais permitindo o correto perfil de emergência (saída do dente de "dentro da gengiva") e contatos proximais, polimerização adequada às necessidades da resina escolhida, utilização de gel bloqueador de oxigênio superficial para polimerização da última camada. Acabamento e polimento seguindo uma sequência compatíveis à especificidade da resina escolhida. Ajustes oclusais. Enfim, desculpe prolongar dessa maneira porém só gostaria que ficasse claro que embora essa midialização e aparente facilitação dos procedimentos estéticos, os mesmos se encontram em patamares de dificuldade técnica muito elevados e necessitam ser realizados com um rigoroso critério de execução, pois todos estes fatores que listem podem, em algum grau, gerar problemas presentes e futuros na restauração. Espero ter ajudado!