Dra. Juliana Mansur Siliano

Tudo começou na residência de clínica médica na Santa Casa de Campo Grande onde tive muito contato com pacientes renais. Ali eu observei que, apesar de a doença renal crônica ser muito desafiadora, ela também oferece oportunidades de tratamento muito interessantes… Finalizada minha formação de 2 anos em clínica médica eu decidi voltar para Curitiba e fazer a residência de nefrologia… sim :) eu seria NEFROLOGISTA
Passei na prova da Santa Casa de Curitiba, local onde meu coração já morava por fazer internato lá (internato são os últimos anos da faculdade de medicina, onde você se “interna” no hospital (rsrsrs…)
Então lá se foram 2 anos de um grande universo de aprendizado para mim
Hemodiálise, cateter, diálise Peritoneal, transplante renal e muito mais muito paciente agudo na UTI coronariana :)
Mas, apesar de ter adquirido bastante conhecimento na área, tinha algo que eu precisava aprofundar…. Uma estrutura me intrigava demais… tipo um novelo de lã, milhões deles que moram dentro nos rins, os famosos GLOMÉRULOS… essas estruturas são muito especiais e ficam doentes devido a muitas causas… eu queria entender muito mais como isso acontecia…
Por isso, decidi vir para SP e estudar as GLOMERULOPATIAS. Como eu já fiz estágio na UNIFESP durante a residência de Nefro, decidi conversar com a professora Gianna, especialista na área, e demonstrar meu interesse.
Foi então que traçamos uma linda linha de pesquisa passando pelo Mestrado, Doutorado e atualmente pós doutorado…
A experiência em transplante renal foi na verdade uma consequência da minha vinda para SP.
O Hospital do Rim (HRIM) é um dos maiores centros transplantadores de rim do mundo, e a formação em nefrologia na UNIFESP passa por ele. Na verdade, atualmente, o transplante renal é um dos principais tratamentos para doença renal crônica.
Além de poder aprender muito mais sobre transplante, eu enxerguei uma grande oportunidade de trabalhar em duas especialidades que eu amo. As glomerulopatias e o Transplante se somaram e hoje em dia eu atuo como médica especialista em Glomerulopatias pós-transplante.
Sim, esse foi o tema da minha defesa de doutorado -> a recidiva da GESF, um tipo de glomerulopatia chamada Glomeruloesclerose Segmentar e Focal, no transplante renal.
Também sou fã do transplante renal e dos imunossupressores, por isso atendo pacientes transplantados no HRIM e no meu consultório particular :)
O estudo das glomerulonefrites me encantou pois eu sempre me pegava pensando como uma estrutura tão pequena pode fazer tanta diferença em nosso organismo quando acometida.
Quando vi pela primeira vez a ultraestrura dos glomérulos na microscopia eletrônica fiquei apaixonada por cada uma das partes: endotélio, membrana basal e podócitos. E o quanto eles trabalham a nosso favor, filtram tudo o que precisamos e jogam fora o que não nos faz bem :))))
A diálise também é chave fundamental no tratamento da doença renal crônica. Ela não é o fim da linha como muitos pensam, na verdade, ela é uma ponte que mantém o paciente bem mesmo quando os rins não funcionam mais (ou funcionam muito pouco, menos de 10%). Pode ser a ponte para preparação do transplante renal nas melhores condições possíveis ou então o tratamento entre um transplante e outro. Também pode ser a terapia padrão de tratamento para muitos pacientes que enxergam que estão bem vivendo assim e que não é hora de transplantar. Engloba dois tipos de técnica - a hemodiálise e a diálise Peritoneal.
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