Boa noite. Tenho depressão e muita agressividade, intolerância e desânimo. Meu diagnóstico mais prec

2 respostas
Boa noite. Tenho depressão e muita agressividade, intolerância e desânimo. Meu diagnóstico mais preciso é o de transtorno borderline. Iniciei com Lamitor na menor dose e na primeira semana tive intenso aumento da irritabilidade e muita insônia. Meu médico então trocou para a quetiapina, acabando com minha libido. Aí ele disse que não tinha mais nada o que fazer. Minha dúvida é: vejo que muitos falam muito bem do Lamitor. Se eu tivesse insistido por mais algum tempo, os efeitos colaterais citados teriam passado?
Primeiro, a resposta à uma medicação é muito individual. Um remédio que é bom para uma pessoa pode ser péssimo para outra. Tanto a Lamotrigina quanto a Quetiapina funcionam bem como estabilizadores de humor. Mas existem outras opções de tratamento. Procure um psiquiatra para uma avaliação.

Tire todas as dúvidas durante a consulta online

Se precisar de aconselhamento de um especialista, marque uma consulta online. Você terá todas as respostas sem sair de casa.

Mostrar especialistas Como funciona?
Dra. Camila Cirino Pereira
Neurologista, Médico do sono, Psiquiatra
São Paulo
Boa noite. O que você descreve é bastante comum no início do tratamento com Lamitor (lamotrigina), especialmente em pessoas com transtorno de personalidade borderline, depressão e instabilidade afetiva. A lamotrigina é um estabilizador do humor de ação neuromoduladora, que atua equilibrando os neurotransmissores glutamato e GABA — dois sistemas que regulam a impulsividade, a irritabilidade e a oscilação emocional. No entanto, nas primeiras semanas, antes que o organismo se adapte à nova regulação neuroquímica, podem surgir efeitos paradoxais transitórios, como aumento da irritabilidade, agitação interna, insônia, e sensação de ansiedade mais intensa. Esses sintomas iniciais, geralmente, não significam que o medicamento está “piorando” o quadro, mas sim que o cérebro ainda está ajustando a nova proporção entre neurotransmissores excitatórios e inibitórios. Por isso, muitos pacientes que interrompem o Lamitor logo na primeira semana não chegam a sentir os efeitos benéficos plenos, que costumam surgir após 4 a 8 semanas de uso contínuo, à medida que o sistema nervoso se reequilibra. Esse período de adaptação é especialmente delicado em pacientes com maior reatividade emocional, como ocorre no transtorno borderline, onde a sensibilidade aos moduladores do humor é maior. Quando o tratamento é iniciado de forma muito rápida ou com aumento abrupto da dose, a chance de efeitos adversos como insônia, irritação e aceleração mental aumenta. O ideal é uma titragem extremamente lenta, começando com 25 mg em dias alternados e subindo gradualmente, o que reduz muito os sintomas iniciais e melhora a adesão. Já a quetiapina, que o substituiu, tem um perfil oposto — é mais sedativa, reduz a impulsividade e a irritabilidade de forma rápida, mas pode causar queda da libido, sonolência e apatia emocional em algumas pessoas, especialmente em doses mais altas. Assim, seu relato mostra que você tem um perfil sensível a oscilações neuroquímicas, o que exige um ajuste fino e individualizado do tratamento. É possível, sim, que os efeitos iniciais da lamotrigina diminuíssem com o tempo, e que ela se tornasse uma boa opção após a fase de adaptação. Muitos pacientes relatam melhora significativa da estabilidade emocional, controle da raiva e clareza mental após as primeiras semanas. Por isso, uma alternativa seria reavaliar o uso do Lamitor com uma reintrodução lenta, sob supervisão, talvez associada a pequenas doses de um ansiolítico temporário ou à quetiapina em dose mínima noturna, apenas para aliviar o desconforto da fase inicial. O mais importante é não desistir de encontrar o equilíbrio medicamentoso ideal, pois há diferentes opções — como lamotrigina, valproato, topiramato, quetiapina, lurasidona, aripiprazol — que podem ser ajustadas conforme a resposta individual. Além disso, o tratamento medicamentoso isolado no transtorno borderline raramente é suficiente; o que traz resultados duradouros é a associação com psicoterapia estruturada, especialmente abordagens baseadas em Terapia Comportamental Dialética (DBT) ou Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajudam a regular emoções, melhorar relacionamentos e reduzir impulsividade. Em resumo: sim, é possível que, com adaptação gradual, o Lamitor tivesse se tornado uma boa opção, mas qualquer reintrodução deve ser feita sob acompanhamento médico cuidadoso. Reforço que esta resposta tem caráter informativo e não substitui uma consulta médica individual. O acompanhamento com seu neurologista é essencial para confirmar o diagnóstico e garantir segurança no uso. Coloco-me à disposição para ajudar e orientar, com consultas presenciais e atendimento online em todo o Brasil, com foco em neurologia clínica, estabilização do humor e regulação neurofuncional, sempre com uma abordagem técnica, empática e humanizada. Dra. Camila Cirino Pereira – Neurologista | Especialista em TDAH | Especialista em Medicina do Sono | Especialista em Saúde Mental CRM CE 12028 | RQE Nº 11695 | RQE Nº 11728

Perguntas relacionadas

Você quer enviar sua pergunta?

Nossos especialistas responderam a 127 perguntas sobre Lamitor
  • A sua pergunta será publicada de forma anônima.
  • Faça uma pergunta de saúde clara, objetiva seja breve.
  • A pergunta será enviada para todos os especialistas que utilizam este site e não para um profissional de saúde específico.
  • Este serviço não substitui uma consulta com um profissional de saúde. Se tiver algum problema ou urgência, dirija-se ao seu médico/especialista ou provedor de saúde da sua região.
  • Não são permitidas perguntas sobre casos específicos, nem pedidos de segunda opinião.
  • Por uma questão de saúde, quantidades e doses de medicamentos não serão publicadas.

Este valor é muito curto. Deveria ter __LIMIT__ caracteres ou mais.


Escolha a especialidade dos profissionais que podem responder sua dúvida
Iremos utilizá-lo para o notificar sobre a resposta, que não será publicada online.
Todos os conteúdos publicados no doctoralia.com.br, principalmente perguntas e respostas na área da medicina, têm caráter meramente informativo e não devem ser, em nenhuma circunstância, considerados como substitutos de aconselhamento médico.