Boa noite. Tenho depressão e muita agressividade, intolerância e desânimo. Meu diagnóstico mais prec
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Boa noite. Tenho depressão e muita agressividade, intolerância e desânimo. Meu diagnóstico mais preciso é o de transtorno borderline. Iniciei com Lamitor na menor dose e na primeira semana tive intenso aumento da irritabilidade e muita insônia. Meu médico então trocou para a quetiapina, acabando com minha libido. Aí ele disse que não tinha mais nada o que fazer. Minha dúvida é: vejo que muitos falam muito bem do Lamitor. Se eu tivesse insistido por mais algum tempo, os efeitos colaterais citados teriam passado?
Primeiro, a resposta à uma medicação é muito individual. Um remédio que é bom para uma pessoa pode ser péssimo para outra. Tanto a Lamotrigina quanto a Quetiapina funcionam bem como estabilizadores de humor. Mas existem outras opções de tratamento. Procure um psiquiatra para uma avaliação.
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Boa noite. O que você descreve é bastante comum no início do tratamento com Lamitor (lamotrigina), especialmente em pessoas com transtorno de personalidade borderline, depressão e instabilidade afetiva. A lamotrigina é um estabilizador do humor de ação neuromoduladora, que atua equilibrando os neurotransmissores glutamato e GABA — dois sistemas que regulam a impulsividade, a irritabilidade e a oscilação emocional. No entanto, nas primeiras semanas, antes que o organismo se adapte à nova regulação neuroquímica, podem surgir efeitos paradoxais transitórios, como aumento da irritabilidade, agitação interna, insônia, e sensação de ansiedade mais intensa. Esses sintomas iniciais, geralmente, não significam que o medicamento está “piorando” o quadro, mas sim que o cérebro ainda está ajustando a nova proporção entre neurotransmissores excitatórios e inibitórios. Por isso, muitos pacientes que interrompem o Lamitor logo na primeira semana não chegam a sentir os efeitos benéficos plenos, que costumam surgir após 4 a 8 semanas de uso contínuo, à medida que o sistema nervoso se reequilibra. Esse período de adaptação é especialmente delicado em pacientes com maior reatividade emocional, como ocorre no transtorno borderline, onde a sensibilidade aos moduladores do humor é maior. Quando o tratamento é iniciado de forma muito rápida ou com aumento abrupto da dose, a chance de efeitos adversos como insônia, irritação e aceleração mental aumenta. O ideal é uma titragem extremamente lenta, começando com 25 mg em dias alternados e subindo gradualmente, o que reduz muito os sintomas iniciais e melhora a adesão. Já a quetiapina, que o substituiu, tem um perfil oposto — é mais sedativa, reduz a impulsividade e a irritabilidade de forma rápida, mas pode causar queda da libido, sonolência e apatia emocional em algumas pessoas, especialmente em doses mais altas. Assim, seu relato mostra que você tem um perfil sensível a oscilações neuroquímicas, o que exige um ajuste fino e individualizado do tratamento. É possível, sim, que os efeitos iniciais da lamotrigina diminuíssem com o tempo, e que ela se tornasse uma boa opção após a fase de adaptação. Muitos pacientes relatam melhora significativa da estabilidade emocional, controle da raiva e clareza mental após as primeiras semanas. Por isso, uma alternativa seria reavaliar o uso do Lamitor com uma reintrodução lenta, sob supervisão, talvez associada a pequenas doses de um ansiolítico temporário ou à quetiapina em dose mínima noturna, apenas para aliviar o desconforto da fase inicial. O mais importante é não desistir de encontrar o equilíbrio medicamentoso ideal, pois há diferentes opções — como lamotrigina, valproato, topiramato, quetiapina, lurasidona, aripiprazol — que podem ser ajustadas conforme a resposta individual. Além disso, o tratamento medicamentoso isolado no transtorno borderline raramente é suficiente; o que traz resultados duradouros é a associação com psicoterapia estruturada, especialmente abordagens baseadas em Terapia Comportamental Dialética (DBT) ou Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajudam a regular emoções, melhorar relacionamentos e reduzir impulsividade. Em resumo: sim, é possível que, com adaptação gradual, o Lamitor tivesse se tornado uma boa opção, mas qualquer reintrodução deve ser feita sob acompanhamento médico cuidadoso. Reforço que esta resposta tem caráter informativo e não substitui uma consulta médica individual. O acompanhamento com seu neurologista é essencial para confirmar o diagnóstico e garantir segurança no uso. Coloco-me à disposição para ajudar e orientar, com consultas presenciais e atendimento online em todo o Brasil, com foco em neurologia clínica, estabilização do humor e regulação neurofuncional, sempre com uma abordagem técnica, empática e humanizada. Dra. Camila Cirino Pereira – Neurologista | Especialista em TDAH | Especialista em Medicina do Sono | Especialista em Saúde Mental CRM CE 12028 | RQE Nº 11695 | RQE Nº 11728
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