Como se manifestam os estímulos motores em mulheres autistas?

3 respostas
Como se manifestam os estímulos motores em mulheres autistas?
 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Oi, tudo bem? Essa é uma pergunta muito interessante — e pouco falada, embora os estímulos motores (ou “comportamentos autoestimulantes”, conhecidos também como stims) sejam parte essencial da experiência autista. Em mulheres, eles costumam se manifestar de forma mais sutil ou socialmente “aceitável”, o que faz com que muitas vezes passem despercebidos, inclusive por profissionais.

Esses estímulos são movimentos, sons ou gestos repetitivos que ajudam o cérebro a regular o nível de energia, foco e emoção. Enquanto em algumas pessoas aparecem de forma mais visível — como balançar o corpo, bater as mãos ou girar objetos —, nas mulheres eles tendem a assumir formas discretas: enrolar mechas de cabelo, roçar os dedos, morder os lábios, mexer em bijuterias, balançar os pés sob a mesa ou ajustar repetidamente a roupa. São maneiras de aliviar tensão e reorganizar o sistema nervoso diante de estímulos intensos.

A neurociência mostra que esses comportamentos têm uma função reguladora importante. Eles ativam circuitos sensoriais e motores que ajudam o cérebro a estabilizar o nível de excitação (o arousal), especialmente quando há sobrecarga sensorial ou emocional. Em outras palavras, o stim não é um “vício” ou um “mau hábito”, mas uma forma inteligente — e, muitas vezes, inconsciente — de autorregulação.

No caso das mulheres autistas, há ainda um fenômeno social que interfere bastante: o camuflamento. Muitas aprendem a esconder ou substituir seus stims por comportamentos mais aceitos socialmente, o que pode aumentar a fadiga e o desconforto interno. Por fora, parecem tranquilas; por dentro, o corpo está em esforço constante para conter a estimulação que precisa acontecer.

Talvez valha refletir: que pequenos gestos você faz quando está ansiosa, sobrecarregada ou tentando se concentrar? O que o seu corpo está tentando te contar quando ele repete esses movimentos? E se, em vez de reprimi-los, fosse possível encontrar espaços seguros para permitir que eles cumpram sua função de equilíbrio?

Reconhecer os stims como parte da identidade neurodivergente é um passo importante para reduzir o sofrimento e aumentar a autenticidade. Quando o corpo pode se expressar, a mente encontra mais paz. Caso queira, posso te ajudar a compreender melhor como identificar e lidar com esses estímulos de forma saudável e acolhedora.

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Em mulheres autistas, os estímulos motores podem se manifestar como movimentos repetitivos sutis ou discretos (balançar mãos, mexer objetos, bater os pés), gestos incomuns ao falar ou ao expressar emoções, e tensão muscular ou agitação em situações de sobrecarga sensorial. Muitas vezes são menos visíveis que em homens autistas, mas ainda refletem respostas sensoriais ou emocionais e estratégias de autorregulação.
Em mulheres autistas, os estímulos motores (ou stims) costumam se manifestar de forma mais discreta e socialmente aceitável, muitas vezes para evitar julgamento. Podem incluir:
movimentos repetitivos sutis (mexer dedos, pés, cabelo), balançar o corpo levemente, apertar objetos, canetas ou tecidos, roer unhas, morder lábios ou tensionar músculos,
caminhar em padrões repetitivos quando sozinhas.
Esses comportamentos ajudam na autorregulação emocional e sensorial, especialmente em situações de estresse ou sobrecarga. Não são tiques nem algo a ser reprimido, mas estratégias naturais do sistema nervoso.

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