O que é "raciocínio emocional" e como se relaciona com a "visão de túnel"?

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O que é "raciocínio emocional" e como se relaciona com a "visão de túnel"?
O “raciocínio emocional” é um modo de pensar em que a pessoa toma seus sentimentos como prova da realidade, ou seja, acredita que algo é verdade apenas porque o sente intensamente. Ele se relaciona com a “visão de túnel” porque ambos reduzem a percepção: o sujeito passa a enxergar o mundo apenas pelo prisma da emoção dominante, ignorando outros dados da experiência. Assim, a angústia, o medo ou a culpa tornam-se filtros que estreitam o pensamento e mantêm o eu preso a uma única forma de ver a situação.

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 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Oi, tudo bem? Essa é uma excelente pergunta — e revela uma curiosidade muito madura sobre como mente e emoção se entrelaçam. O raciocínio emocional é um tipo de distorção cognitiva em que a pessoa passa a acreditar que aquilo que sente é automaticamente um fato. É como se a emoção se tornasse a lente pela qual tudo é interpretado: “se eu me sinto culpado, é porque fiz algo errado”, “se estou com medo, é porque há perigo real”, “se me sinto rejeitado, é porque ninguém gosta de mim”.

Essa forma de pensar nasce de um mecanismo natural do cérebro: quando a emoção se intensifica, o sistema límbico — responsável por processar sentimentos — ganha prioridade sobre o raciocínio lógico do córtex pré-frontal. Em outras palavras, o cérebro “dá voz” à emoção e reduz o espaço para a análise racional. É aí que entra a visão de túnel: sob forte carga emocional, a atenção se estreita e o mundo é visto apenas pela ótica do que se sente.

É por isso que, em meio ao medo, a mente enxerga apenas riscos; na culpa, só vê erros; e na raiva, apenas injustiça. O raciocínio emocional e a visão de túnel se retroalimentam — quanto mais intensa a emoção, mais estreito o foco; quanto mais estreito o foco, mais convincente parece o que se sente. O cérebro, tentando proteger, acaba criando uma espécie de realidade emocional paralela.

Você já notou momentos em que uma sensação tomou conta a ponto de parecer mais real que qualquer argumento? O que acontece dentro de você quando alguém tenta te tranquilizar, mas a emoção insiste em dizer “não é bem assim”? E se, em vez de lutar contra o que sente, você pudesse aprender a reconhecer que emoção não é prova, mas sinal?

Essas reflexões são um ótimo ponto de partida para entender como emoção e pensamento se confundem — e como, com autoconhecimento e terapia, é possível ensinar o cérebro a equilibrar o sentir e o pensar. Caso precise, estou à disposição.
 Maisa Guimarães Andrade
Psicanalista, Psicólogo
Rio de Janeiro
O raciocínio emocional é uma forma de funcionamento psíquico em que a pessoa interpreta a realidade a partir do que sente, como se os sentimentos fossem fatos. Por exemplo, alguém que sente que não é amado pode tomar essa sensação como uma verdade absoluta, mesmo que a realidade relacional diga o contrário. Isso é comum em momentos de intensa angústia ou em estruturas subjetivas marcadas por insegurança afetiva. A emoção passa a funcionar como lente única de interpretação, muitas vezes alimentando estados de sofrimento psíquico recorrente.

Já a visão de túnel está relacionada a um estreitamento no campo perceptivo e psíquico. A pessoa passa a ver apenas uma parte da situação, geralmente aquela que confirma sua dor, seus medos ou suas crenças negativas sobre si ou o mundo. É como se tudo ao redor fosse apagado, e apenas uma narrativa ganhasse nitidez — geralmente, a mais angustiante. Quando o raciocínio emocional se alia a essa visão de túnel, o sujeito tende a se sentir aprisionado em uma única forma de compreender as situações, tornando difícil o acesso a outros sentidos, outras saídas, outras possibilidades de simbolização.

Na psicanálise, a escuta clínica oferece um espaço seguro onde esses modos de funcionamento podem ser lentamente elaborados. Ao colocar em palavras aquilo que afeta, o sujeito começa a se ouvir de outra forma, e com isso, a se descolar da rigidez da emoção como única verdade. A análise ajuda a ampliar o campo simbólico, permitindo que o sujeito possa reconhecer que há outras leituras possíveis para o que vive, que seus afetos podem ser escutados sem serem tomados como certezas absolutas. Isso traz alívio, mas também autonomia psíquica, pois ao se apropriar da própria história com mais nuances, o sujeito passa a ocupar um lugar menos aprisionado diante do sofrimento.

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