O uso contínuo de Fluoxetina pode causar algum dano aos neurônios? Diabético pode usar?

Não se espera que a fluoxetina cause dano aos neurônios. Na verdade, pode ter um efeito protetor, sobretudo porque a depressão e a ansiedade crônicas potencialmente podem prejudicar o cérebro. Não existe contra-indicação para o uso por diabéticos: ela frequentemente reduz o apetite, pelo menos no início do tratamento. Os relatos de aumento de peso não são cientificamente comprovados. Há alguns estudos que sugerem que medicações do grupo da fluoxetina (ISRS) poderiam causar aumento do colesterol, em longo prazo, mas isto por enquanto não constitui uma contra-indicação, apenas é bom fazer o controle periódico, como todos (e principalmente diabéticos) já devem mesmo fazer, independente de estarem ou não tomando medicação ISRS. Além disto, melhorando a ansiedade e/ou a depressão, pode melhorar os cuidados que o diabético tem com sua saúde.

A partir da sua pergunta fiz uma revisão no que há de dados científicos disponíveis. Em tópicos:

- pouquíssimos casos (dois apenas) de relato de efeitos colaterais tardios (6 e 10 anos de uso da medicação) que são semelhantes aos efeitos colaterais do início da medicação. Os sintomas reverteram diminuindo ou interrompendo a medicação em ambos os casos.

- efeitos como diminuição de libido e dificuldade/impossibilidade de chegar ao orgasmo não tendem a desaparecer com o tempo, então se este é um efeito colateral presente, a troca ou retirada da medicação deve ser discutida com seu psiquiatra - e nunca feita por conta própria, pelo risco de piora ou retorno dos sintomas.

Afora estes dois casos isolados e os efeitos colaterais sexuais, tudo indica que a medicação é segura para ser usada no longo prazo, naqueles casos nos quais houver indicação de tratamento contínuo - o que também deve ser discutido com o psiquiatra assistente.

Para quem tem diabetes, o controle adequado desta doença, incluindo alimentação saudável, atividade física e perda de peso, são essenciais. Já há estudos mostrando que a resistência insulínica (presente no diabetes) pode diminuir a eficácia de algumas medicações psiquiátricas.

Os estudos científicos têm suas limitações: eles consideram a média dos pacientes, e não as individualidades. Ou seja, o que se mostra na média pode não ser exatamente o que acontece com você. Por exemplo, embora um estudo tenha demonstrado que a fluoxetina - na média - não causa ganho de peso e no curto prazo pode causar até perda de peso, um segundo estudo mostrou que ela pode - na média - causar ganho de peso em mulheres mas não em homens. É importante portanto observar a evolução do seu quadro e revisar frequentemente com seu psiquiatra, atentando para novos sintomas ou alterações.

O uso contínuo de fluoxetina, quando bem indicado e acompanhado, não causa danos aos neurônios. Pelo contrário, há estudos que sugerem que, em quadros como depressão e estresse crônico, ela pode exercer um efeito neuroprotetor, ajudando a preservar a saúde cerebral.

Em relação ao diabetes, a fluoxetina pode ser utilizada por pessoas diabéticas, desde que haja acompanhamento médico. Em alguns casos, inclusive, ela pode auxiliar no controle do apetite e do peso, o que pode beneficiar o manejo do diabetes. Ainda assim, é importante sempre monitorar eventuais alterações metabólicas ao longo do tratamento.