Que possíveis danos podem ocorrer com o uso contínuo durante anos da lamotrigina?
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Que possíveis danos podem ocorrer com o uso contínuo durante anos da lamotrigina?
A lamotrigina é uma droga bastante segura e os principais efeitos adversos costumam aparecer no início, com reações alérgicas mais ou menos graves, sendo a mais comum "rash" cutâneo - pele intensamente vermelha e inflamada. Na literatura médica, pesquisando revisões sistemáticas (estudos que reúnem grande número de pesquisas sobre o assunto), encontrei apenas um que refere possibilidades de aumento de colesterol e, portanto, de riscos cardiovasculares, por uso prolongado. Entretanto, este tipo de efeitos não contra-indica o uso, pois há muitas formas de controlar estes riscos(medicações, dieta, exercícios) e, quando bem indicada, certamente a lamotrigina terá muito mais efeitos positivos que negativos.
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O uso prolongado da lamotrigina é geralmente considerado seguro e bem tolerado, especialmente quando há acompanhamento médico regular. Trata-se de um anticonvulsivante e estabilizador do humor amplamente utilizado no tratamento da epilepsia, transtorno bipolar, enxaqueca e distúrbios de humor resistentes, e é um dos medicamentos neurológicos com melhor perfil de segurança a longo prazo. No entanto, como qualquer fármaco de uso contínuo, seu uso por muitos anos pode trazer efeitos colaterais cumulativos ou ajustes necessários, dependendo da dose e da resposta individual. Os principais pontos a considerar são: 1. Efeitos cognitivos leves — em algumas pessoas, o uso prolongado pode causar lentificação leve no raciocínio, dificuldade de concentração ou sensação de “mente mais lenta”, geralmente em doses acima de 200 mg/dia. São efeitos discretos e reversíveis com ajuste de dose. 2. Alterações cutâneas — a lamotrigina tem associação rara, mas potencialmente grave, com reações alérgicas de pele (como síndrome de Stevens-Johnson), que costumam ocorrer nas primeiras semanas de tratamento. Quando o uso é prolongado e estável, o risco é mínimo, mas qualquer nova lesão cutânea ou descamação deve ser comunicada ao médico. 3. Efeitos gastrointestinais e hepáticos — o medicamento é metabolizado no fígado, e o uso prolongado pode causar, em casos isolados, aumento leve de enzimas hepáticas. Por isso, recomenda-se realizar exames laboratoriais periódicos (função hepática e hemograma) a cada 6 a 12 meses. 4. Interação com hormônios e anticoncepcionais — em mulheres, o uso contínuo de lamotrigina pode ter interação com anticoncepcionais hormonais, reduzindo a eficácia de ambos. Nesses casos, o neurologista pode ajustar a dose ou indicar métodos contraceptivos alternativos. 5. Alterações do sono e energia — algumas pessoas relatam insônia leve ou cansaço diurno, especialmente quando o horário de administração não é regular. Ajustar o uso para o período noturno costuma minimizar esses efeitos. 6. Efeitos metabólicos — diferentemente de outros estabilizadores (como o valproato), a lamotrigina não causa ganho de peso significativo, retenção de líquidos nem resistência à insulina, sendo uma vantagem importante para o uso a longo prazo. 7. Efeitos neuropsiquiátricos — em raros casos, pode haver mudanças sutis de humor, irritabilidade ou ansiedade leve, especialmente se o medicamento for associado a outros moduladores de humor. No geral, o uso contínuo da lamotrigina não causa dano cerebral, dependência ou degeneração neurológica. Ao contrário, ela é neuroprotetora em muitos contextos, pois reduz a excitabilidade neuronal excessiva e o risco de crises convulsivas. O ponto mais importante é manter acompanhamento regular com o neurologista, com revisão de dose, exames laboratoriais e avaliação de sintomas cognitivos, de humor e sono. Com monitoramento adequado, é possível manter o tratamento por muitos anos com segurança e excelente qualidade de vida. Reforço que esta resposta tem caráter informativo e não substitui uma consulta médica individual. O acompanhamento com seu neurologista é essencial para confirmar o diagnóstico e garantir segurança no uso. Coloco-me à disposição para ajudar e orientar, com consultas presenciais e atendimento online em todo o Brasil, com foco em neurologia clínica, epilepsia, enxaqueca e regulação neurofuncional, sempre com uma abordagem técnica, empática e humanizada. Dra. Camila Cirino Pereira - Neurologista | Especialista em TDAH | Especialista em Medicina do Sono | Especialista em Saúde Mental CRM CE 12028 | RQE Nº 11695 | RQE Nº 11728
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