Sofri um avc isquêmico em novembro,apos isto, não consigo me lembrar de nada, tem cura? Estou no 4me

Pelo seu relato, e pela forma como você faz a sua pergunta, parece-me que você apresenta um componente emocional maior do que orgânico. Você diz que não consegue lembrar de nada, mas informa que o AVC foi em novembro e se mostra preocupado com a cura, informa que está no quarto mês de reabilitação e se preocupa com o retorno da sua memória.
Os insultos isquêmicos costumam se acompanhar de ansiedade e depressão e esses fatores prejudicam a atenção, a concentração e a motivação e por fim sua memória. Aconselho uma avaliação psicológica ou psiquiátrica, antes de enveredar pelos medicamentos para memória.
Atenciosamente.

O tempo de reabilitação após um acidente vascular cerebral (AVC) é altamente variável e depende de múltiplos fatores, incluindo a gravidade do déficit neurológico, a idade do paciente, comorbidades, tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico), e o acesso a programas estruturados de reabilitação. A literatura demonstra que a recuperação funcional ocorre principalmente nos primeiros meses após o evento, mas pode se estender por anos em alguns casos. m muitos casos, pacientes continuam a apresentar ganhos funcionais até 6 meses após o AVC, com possibilidade de recuperação adicional, embora mais lenta, além desse período. Consulte um especialista para otimizar o seu tratamento.

Excelente pergunta — e muito relevante, pois a alteração de memória após um AVC isquêmico é uma das sequelas neurológicas mais comuns, especialmente quando o evento afeta áreas como o hipocampo, tálamo ou regiões frontotemporais, responsáveis pela formação e recuperação das lembranças. A memória pode sim melhorar com o tempo, mas a recuperação depende da extensão e localização da lesão cerebral, além da intensidade e continuidade da reabilitação cognitiva. Nos primeiros meses após o AVC, o cérebro passa por um processo chamado neuroplasticidade, no qual outras áreas tentam assumir parte das funções comprometidas. Esse período — geralmente os 6 primeiros meses — é o mais importante para ganhos significativos, embora a melhora possa continuar de forma mais lenta por até 2 anos. É essencial compreender que a memória raramente “volta” de forma súbita; ela costuma se reconstruir gradualmente com o estímulo cognitivo e terapêutico adequado. Os fatores que mais influenciam na recuperação são: (1) A área afetada e o tamanho da lesão — quanto menor e mais localizada, maior a chance de reversão; (2) Idade e condições gerais de saúde — boa oxigenação, sono adequado e controle da pressão arterial favorecem a plasticidade cerebral; (3) Qualidade da reabilitação — terapias com fonoaudiólogo, neuropsicólogo e fisioterapeuta neurológico estimulam memória, atenção e linguagem; (4) Estímulos diários — leitura, músicas, conversas e atividades cognitivas leves aceleram a reorganização neural. Embora não exista “cura” imediata para a perda de memória pós-AVC, há potencial de melhora expressiva na maioria dos casos com reabilitação estruturada e apoio familiar. Recomenda-se manter as terapias de forma contínua por pelo menos 6 a 12 meses, período em que o cérebro ainda está em fase ativa de recuperação. Em resumo: a perda de memória após o AVC pode melhorar significativamente, mas a velocidade e o grau de recuperação variam de pessoa para pessoa. O mais importante é manter o tratamento multidisciplinar, controlar os fatores de risco e garantir sono e nutrição adequados. Reforço que esta resposta tem caráter informativo e não substitui uma consulta médica individual. O acompanhamento com seu neurologista e equipe de reabilitação é essencial para avaliar a evolução e ajustar as estratégias terapêuticas. Coloco-me à disposição para ajudar e orientar, com consultas presenciais e online em todo o Brasil, com foco em neurologia clínica, reabilitação cognitiva pós-AVC e medicina do sono, sempre com uma abordagem técnica e humanizada. Dra. Patrícia Gomes Damasceno – Neurologista | Especialista em Medicina do Sono | CRM 11930-CE | RQE nº 7771 | RQE nº 8082