Como a crise de identidade afeta a vida diária de uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderl

3 respostas
Como a crise de identidade afeta a vida diária de uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) ?
 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Oi, tudo bem?
Essa é uma pergunta muito sensível — e traz à tona um dos aspectos mais desafiadores da experiência borderline. A crise de identidade, quando acontece, não é apenas um conflito interno abstrato; ela atravessa praticamente todas as dimensões da vida cotidiana, desde as relações até as escolhas mais simples do dia a dia.

Na prática, essa instabilidade no senso de “quem sou” faz com que a pessoa oscile na forma de se ver, de se comportar e até de interpretar o mundo. Em um momento, pode estar empolgada com um projeto, cheia de energia e propósito; no outro, sentir que tudo perdeu o sentido. Essa variação intensa não é falta de vontade ou “drama” — é o reflexo de um cérebro que muda de estado emocional com muita rapidez e intensidade. Por isso, decisões simples podem gerar exaustão mental, e relacionamentos acabam se tornando montanhas-russas emocionais.

O mais doloroso é que, quando o senso de identidade está abalado, a pessoa tende a buscar fora o que perdeu dentro. Relações amorosas, amizades, trabalhos ou ideais acabam se tornando espelhos de pertencimento. E quando esses espelhos se quebram — por rejeição, crítica ou frustração — o vazio reaparece, muitas vezes acompanhado de impulsividade, culpa e autocrítica. É como se cada mudança externa desmontasse um pouco o “eu” interno que estava sendo sustentado.

Do ponto de vista emocional, a crise de identidade também afeta a autoestima e a estabilidade emocional. Como o cérebro não consegue integrar de forma consistente as experiências e memórias, a pessoa vive em um fluxo constante de recomeços. Ela pode se sentir ora intensa e autêntica, ora completamente desconectada, sem conseguir reconhecer o próprio reflexo.

Você já percebeu momentos em que parece ser uma pessoa diferente dependendo de quem está com você? Ou que, quando alguém se afasta, é como se parte de você fosse junto? Essas são expressões cotidianas da crise de identidade — pequenas fissuras que mostram o quanto o “eu” ainda busca se organizar em meio ao caos emocional.

O trabalho terapêutico busca justamente criar uma sensação mais sólida de continuidade: ajudar a pessoa a reconhecer que ela é a mesma, mesmo quando as emoções mudam. Aos poucos, ela aprende que pode sentir intensamente sem se perder — e que estabilidade não é ausência de dor, mas presença de si.

Caso precise, estou à disposição.

Tire todas as dúvidas durante a consulta online

Se precisar de aconselhamento de um especialista, marque uma consulta online. Você terá todas as respostas sem sair de casa.

Mostrar especialistas Como funciona?
A crise de identidade no Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) pode afetar profundamente a vida diária da pessoa, gerando instabilidade emocional, comportamental e relacional. A percepção flutuante de si mesma e a confusão sobre valores, objetivos e papéis sociais dificultam a tomada de decisões consistentes, tornando escolhas do dia a dia, como trabalho, estudos ou relacionamentos, mais complexas. Essa instabilidade frequentemente leva a comportamentos impulsivos, oscilação nos relacionamentos e sentimentos intensos de vazio ou inadequação. Além disso, a pessoa pode ter dificuldade em manter rotinas, compromissos e metas de longo prazo, o que impacta diretamente sua funcionalidade e qualidade de vida. Em suma, a crise de identidade cria um contexto de vulnerabilidade contínua, no qual cada decisão ou interação pode gerar ansiedade e incerteza, reforçando a necessidade de estratégias de regulação emocional e acompanhamento terapêutico constante.
Olá, como vai? A crise de identidade pode tornar o cotidiano bastante desafiador, pois a pessoa pode sentir-se perdida sobre suas escolhas, relações, objetivos e até sobre o próprio valor. Isso interfere na vida profissional, nos vínculos afetivos e na relação consigo mesma, gerando insegurança, impulsividade e mudanças bruscas de rumo. A sensação de não saber quem se é pode alimentar comportamentos de busca intensa por aprovação, medo de abandono e dificuldade em manter estabilidade emocional.
Na psicanálise, compreende-se que essa fragilidade do self impede o sujeito de se sentir contínuo ao longo do tempo, como se precisasse se reinventar a cada nova situação para existir. O espaço terapêutico ajuda a dar sentido às experiências, construindo um fio de continuidade que fortalece a identidade e traz mais estabilidade ao viver. Espero ter ajudado, fico à disposição.

Especialistas

Tatiana de Faria Guaratini

Tatiana de Faria Guaratini

Psicólogo

Ribeirão Preto

Lilian Gonçalves

Lilian Gonçalves

Psicólogo

São Paulo

Camila Goularte

Camila Goularte

Psicólogo

Criciúma

Renata Henriques Frujuelle

Renata Henriques Frujuelle

Psicólogo

São Paulo

Renata Camargo

Renata Camargo

Psicólogo

Camaquã

Luis Falivene Roberto Alves

Luis Falivene Roberto Alves

Psiquiatra

Campinas

Perguntas relacionadas

Você quer enviar sua pergunta?

Nossos especialistas responderam a 2023 perguntas sobre Transtorno da personalidade borderline
  • A sua pergunta será publicada de forma anônima.
  • Faça uma pergunta de saúde clara, objetiva seja breve.
  • A pergunta será enviada para todos os especialistas que utilizam este site e não para um profissional de saúde específico.
  • Este serviço não substitui uma consulta com um profissional de saúde. Se tiver algum problema ou urgência, dirija-se ao seu médico/especialista ou provedor de saúde da sua região.
  • Não são permitidas perguntas sobre casos específicos, nem pedidos de segunda opinião.
  • Por uma questão de saúde, quantidades e doses de medicamentos não serão publicadas.

Este valor é muito curto. Deveria ter __LIMIT__ caracteres ou mais.


Escolha a especialidade dos profissionais que podem responder sua dúvida
Iremos utilizá-lo para o notificar sobre a resposta, que não será publicada online.
Todos os conteúdos publicados no doctoralia.com.br, principalmente perguntas e respostas na área da medicina, têm caráter meramente informativo e não devem ser, em nenhuma circunstância, considerados como substitutos de aconselhamento médico.