Como o pensamento dicotômico afeta o processo de luto ?
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Como o pensamento dicotômico afeta o processo de luto ?
Pode afetar prolongando o sofrimento, culpa excessiva, idealização que impede elaboração realista, isolamento social por sentir-se incompreendido e resistência a momentos de alívio ou alegria.
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O pensamento dicotômico, por ser rígido e limitado a extremos como “tudo ou nada” ou “certo e errado”, pode dificultar o processo de luto porque não abre espaço para a ambiguidade e para os movimentos internos que fazem parte da elaboração da perda. Em especial, pode comprometer a fase da barganha, na qual a pessoa busca negociar internamente ou ressignificar o que aconteceu. Sem essa flexibilidade, o sujeito tende a ficar preso em polos fixos como “se foi, acabou” ou “se estivesse aqui, nada teria sentido ruim”, o que impede a vivência de nuances, a aceitação gradual e a possibilidade de reconstruir a relação simbólica com quem ou com o que foi perdido.
O pensamento dicotômico é parte integrante desse processo. No luto, as pessoas frequentemente ficam presas entre pensamentos e sentimentos que parecem contraditórios e isso é absolutamente normal.
Nós, que estudamos o tema do luto, chamamos isso de modelo de processo dual do luto. Em síntese, o enlutado oscila entre duas dimensões: uma orientada para a perda e outra orientada para a reconstrução. Muitas vezes, essa é uma experiência difícil, pois a pessoa pode sentir que está vivendo seu luto de forma “errada”, já que haverá momentos em que se sentirá extremamente ansiosa, refletindo sobre o sentido da perda e como está seu mundo sem a pessoa amada; em outras ocasiões, porém, estará engajada em diversas mudanças na vida pessoal, familiar e social.
Essa transição entre momentos de desesperança (que a fazem pensar que não há mais nada a fazer) e momentos de recuperação (que a fazem acreditar que seguir em frente significa esquecer ou até desonrar a pessoa que partiu) é parte natural do processo.
Nós, que estudamos o tema do luto, chamamos isso de modelo de processo dual do luto. Em síntese, o enlutado oscila entre duas dimensões: uma orientada para a perda e outra orientada para a reconstrução. Muitas vezes, essa é uma experiência difícil, pois a pessoa pode sentir que está vivendo seu luto de forma “errada”, já que haverá momentos em que se sentirá extremamente ansiosa, refletindo sobre o sentido da perda e como está seu mundo sem a pessoa amada; em outras ocasiões, porém, estará engajada em diversas mudanças na vida pessoal, familiar e social.
Essa transição entre momentos de desesperança (que a fazem pensar que não há mais nada a fazer) e momentos de recuperação (que a fazem acreditar que seguir em frente significa esquecer ou até desonrar a pessoa que partiu) é parte natural do processo.
O pensamento dicotômico — o famoso 8 ou 80 — costuma atrapalhar bastante o luto, especialmente quando a perda foi intensa ou inesperada.
No luto, ele aparece assim:
“Ou eu sofro o tempo todo, ou sou uma pessoa fria.”
“Se eu sorrir, é porque não amava de verdade.”
“Ou eu supero completamente, ou vou ficar assim pra sempre.”
Esse tipo de pensamento cria uma prisão emocional, porque o luto não é linear nem puro. É possível sentir saudade e, no mesmo dia, dar risada. Sentir alívio e culpa juntos. Amor e raiva pela mesma pessoa. Quando a mente força escolhas absolutas, a pessoa passa a se vigiar o tempo todo.
O efeito prático disso é pesado:
Primeiro, aumenta a culpa. Qualquer momento de leveza vira prova de “deslealdade” com quem morreu.
Depois, alimenta a evitação emocional: a pessoa evita viver para não sentir culpa, ou evita sentir para conseguir viver.
Por fim, mantém a dor crônica, porque tudo vira teste moral: “isso é aceitável ou não?”
No processo terapêutico, quebrar o pensamento dicotômico ajuda a pessoa a entender que:
o amor não desaparece quando a dor diminui
seguir vivendo não apaga a perda
sentir melhor em alguns momentos não invalida o luto
Quando o luto sai do tudo ou nada e entra no “é possível sentir coisas contraditórias”, a dor começa a se mover. Não some — mas deixa de comandar cada decisão.
Em resumo: o pensamento dicotômico transforma o luto em um tribunal interno. Trabalhá-lo devolve à pessoa algo essencial nesse momento: permissão para viver sem se punir.
No luto, ele aparece assim:
“Ou eu sofro o tempo todo, ou sou uma pessoa fria.”
“Se eu sorrir, é porque não amava de verdade.”
“Ou eu supero completamente, ou vou ficar assim pra sempre.”
Esse tipo de pensamento cria uma prisão emocional, porque o luto não é linear nem puro. É possível sentir saudade e, no mesmo dia, dar risada. Sentir alívio e culpa juntos. Amor e raiva pela mesma pessoa. Quando a mente força escolhas absolutas, a pessoa passa a se vigiar o tempo todo.
O efeito prático disso é pesado:
Primeiro, aumenta a culpa. Qualquer momento de leveza vira prova de “deslealdade” com quem morreu.
Depois, alimenta a evitação emocional: a pessoa evita viver para não sentir culpa, ou evita sentir para conseguir viver.
Por fim, mantém a dor crônica, porque tudo vira teste moral: “isso é aceitável ou não?”
No processo terapêutico, quebrar o pensamento dicotômico ajuda a pessoa a entender que:
o amor não desaparece quando a dor diminui
seguir vivendo não apaga a perda
sentir melhor em alguns momentos não invalida o luto
Quando o luto sai do tudo ou nada e entra no “é possível sentir coisas contraditórias”, a dor começa a se mover. Não some — mas deixa de comandar cada decisão.
Em resumo: o pensamento dicotômico transforma o luto em um tribunal interno. Trabalhá-lo devolve à pessoa algo essencial nesse momento: permissão para viver sem se punir.
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