Minha prima acidentou-se de moto e ficou com afasia de Broca (a fala dela bloqueava com uma forte gagueira

14 respostas
Minha prima acidentou-se de moto e ficou com afasia de Broca (a fala dela bloqueava com uma forte gagueira e não saía mais nada). Meses depois, teve Stevens-Johnsons. Para salvá-la, induziram coma por 15 dias e deram imunossupressores. Ao acordar, estava falando normalmente. Coma pode curar afasia?
 Priscila Arruda
Fonoaudiólogo
Nova Iguaçu
Olá amigo(a). Esse caso merece uma avaliação bem detalhada, analisando também exames de imagem feitos pós-traumatismo e exames atuais. A afasia é um transtorno de linguagem de causa neurológica (pós AVE, traumatismo craniano, etc) que pode se caracterizar por dificuldades de fala, compreensão, os dois, e diversos outros problemas de linguagem associados, como dificuldade de planejamento, dificuldades de noção espaço-temporal...
Existe um fator de neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso se adaptar a nível estrutural e funcional, quando sofre determinadas experiencias ou lesões. Há uma forte tentativa de regeneração. Pode ser que essa plasticidade neural tenha ajudado de certa forma a recuperação de determinadas funções de linguagem de sua prima, mas é preciso saber se algo mais precisa de atenção. É extremamente importante buscar avaliação fonoaudiológica o mais rápido possível, pois quanto mais cedo, melhor a evolução. Não deixe de consultar também o neurologista. Abçs

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Dra. Andreia Ferrary
Fonoaudiólogo
Criciúma
afasia não é tratada com medicamentos e sim com processos terapêuticos sistemáticos, favorecendo a melhora na comunicação gradativamente,como é um quadro neurológico o processo é lentificado,..pode acontecer que o diagnóstico não fosse afasia..e automaticamente a paciente em tratamento evolua na comunicação...e retorne a fala fluente.
 Suzana Didier
Fonoaudiólogo
Rio de Janeiro
A Neuroplasticidade neurológica é surpreendente e maravilhosa, é a base do tratamento da Afasia para que o paciente possa atingir seus objetivos terapêuticos. Poucos dados para se opinar em um caso tão rico, mas a disfluência apresentada deveria ocorrer pela angústia diante do bloqueio da fluência da linguagem no plano neurológico. Talvez o coma induzido tenha gerado no organismo dela a oportunidade de se realinhar e de autoajustar. Seres Humanos são únicos!
 Wagner Perez
Terapeuta complementar
Campinas
Olá. Casos como este são impressionantes e merecem um estudo aprofundado. Porém de forma subjetiva podemos afirmar que é possível que o coma possa sim resolver os problemas de afasia. Ocorre que a mente subconsciente sem os filtros da mente consciente (crítica e analítica) pode alterar imagens mentais mais prontamente (ressignificação). Isso se dá pela capacidade da mente criar novas conexões, e assim como experimentar novas sensações, modelar e voltar com essas novas imagens mentais ativas - NEUROPLASTICIDADE.

A possibilidade de modificações sinápticas induzidas pela correlação espacial e, principalmente, temporal de atividade representa um ressurgimento das idéias associacionistas. Os modelos de reabilitação em neuropsicologia devem se basear nos conhecimentos sobre os mecanismos de recuperação funcional após lesões cerebrais.

A literatura mostra que à medida que a depressão funcional regride nestas áreas mais distantes, o quadro clínico neuropsicológico pode sofrer mudanças dramáticas de um dia para o outro. É o caso da afasia global evoluindo para afasia de Broca, ou da afasia de Broca evoluindo para uma afasia motora transcortical etc., à medida que as condições funcionais cerebrais vão melhorando. Os mesmos estudos com neuroimagem indicam, por exemplo, que o prognóstico das afasias por lesão hemisférica esquerda depende em grande parte da presença de depressão funcional concomitante em áreas homólogas do hemisfério direito (e.g., Weiller e Herrmann, 1999).

Mas vamos ressaltar que é um caso de estudo.
 Rafael Haddad
Psicanalista, Terapeuta complementar
Niterói
Há muitos mistérios e tentativas de explicação que nós buscamos respostas.

Há tantas possíveis variáveis em sua pergunta que, apesar de ser possível criar uma gama muito complexa de possíveis respostas, o fato é que ninguém saberá o que ocorreu.

Traumas emocionais afetam a linguagem.

Após um período de "descanso", ela poderia ter se reestabelecido. Quem saberá?

Emocional ou fisiológico? Há diferença entre os dois?

Fico feliz pela superação da sua prima!

Fiquem bem!
Dra. Elizabeth Nunes
Fisioterapeuta, Terapeuta complementar
Brasília
Como afirmar se eu não tive acesso ao prontuário da paciente? Há de ser útil nvestigar.
Prof. Jose Paulo Menezes de Souza
Terapeuta complementar, Psicanalista
São Paulo
Vamos entender cada caso. Um acidente pode afetar inúmeras situações, desde o trauma em si, o sentimento pós trauma, impedindo o desenvolvimento comum e chegando a parte neurológica que deve ser analisado minuciosamente por um especialista. COntudo, há terapias funcionais, mas dizer que o coma induzido e ministrado medicações foi a cura é substancial ok. Eu indicaria uma tratamento psicológico para contextualizar um acidente, mas juntamente com médicos, pois tendo um carater físico descartado, partimos para as terapias.
Dra. Patricia De Lucia Nadruz
Psicólogo, Terapeuta complementar
São Paulo
Pergunta que vale um milhão de dolares... Tenho um paciente que não era capaz de ler e escrever e apos uma convulsao tornou-se capaz novamente...
 Leandro Monteiro
Terapeuta complementar
Rio de Janeiro
há muitas coisas que hoje não podemos explicar, porem a afasia pode ter origem emocional. e lembre-se nosso corpo é extremamente inteligente, é importante não se limitar nesses casos, a crença positiva é o primeiro passo para se livrar da doença
Dr. Sanderos Roberto
Terapeuta complementar, Psicanalista
Belo Horizonte
O ideal de tratar Afasia é com psicoterapia, e a medicação como se fosse um quebra-mola. Certamente esse acidente gerou um estresse pós-traumático. A hipnoterapia é uma ferramenta poderosíssima para o tratamento.

 Henrique Ruiz
Terapeuta complementar
Curitiba
Às terapias integradas podem ajudar, hipnoterapia é uma boa alternativa, porém é preciso de mais detalhes, avaliações e diagnósticos médicos para direcionar melhor você. Com essas informações será possível direcionar melhor você e sua família. A hipnoterapia ajuda a resolver dificuldades relacionadas a questões emocionais, traumáticas, psicossomáticas e pode ser uma excelente alternativa no tratamento integrado
Prof. José Vieira Borges
Terapeuta complementar
Maringá
Sua pergunta é profunda e muito interessante — e o caso da sua prima é realmente impressionante. Vamos explicar com cuidado.
Resumo da situação:
Afasia de Broca pós-acidente de moto:
Provavelmente por lesão cerebral traumática na área frontal esquerda (área de Broca), responsável pela produção da fala. A fala ficou bloqueada, com gagueira severa e dificuldade em formar palavras.
Síndrome de Stevens-Johnson:
Uma condição grave, com inflamação sistêmica, que exigiu coma induzido e uso de imunossupressores potentes para evitar falência múltipla de órgãos.
Após o coma induzido:
Ela acordou falando normalmente, sem os sintomas anteriores da afasia.
Pode um coma induzido curar afasia?
Não exatamente. Não é o coma em si que "cura" a afasia — mas há alguns mecanismos possíveis que explicam a recuperação:
Hipóteses neurocientíficas possíveis:
1. Neuroplasticidade acelerada
Durante o período em coma, o cérebro pode ter reorganizado conexões neurais, redirecionando a função da fala para outras áreas.
isso é mais comum em jovens ou adultos com boa saúde prévia.
A ausência de estímulos externos por um tempo prolongado pode facilitar uma espécie de "reset" sináptico, onde o cérebro tenta se reorganizar funcionalmente.
2. Redução de inflamações cerebrais
O uso de imunossupressores potentes (como corticoides ou biológicos) pode ter reduzido uma inflamação neurológica latente.
É possível que a afasia estivesse parcialmente relacionada a um processo inflamatório que prejudicava a área de linguagem, e isso tenha sido resolvido ou atenuado durante o tratamento.
3. Melhora espontânea + coma como "ponte" de tempo
Em alguns casos, há melhora progressiva espontânea após lesão cerebral, especialmente nos primeiros 6 a 12 meses.
O coma pode simplesmente ter coincidido com o tempo natural de recuperação da área lesionada ou com o fortalecimento de vias alternativas de linguagem.
O que não se espera:
O coma não é uma terapia para afasia.
A recuperação da fala após coma não é comum em casos de afasia grave.
Esse tipo de melhora, apesar de documentada em casos raros, é considerada excepcional.
Casos similares já foram registrados?
Sim, há relatos de casos clínicos raros na literatura médica onde pacientes com sequelas neurológicas melhoram após coma induzido, especialmente quando há envolvimento imunológico ou inflamatório cerebral.
Conclusão:
O coma não cura afasia diretamente, mas no caso da sua prima, a combinação de neuroplasticidade, redução da inflamação cerebral e tempo de recuperação neural pode ter resultado numa recuperação surpreendente da linguagem. Procure um profissional habilitado.
Dra. Valéria de Moraes
Terapeuta complementar
Curitiba
Boa tarde!
Sinto muito pelo acidente com sua prima, isso deve ter sido muito angustiante.

Não há evidência de que induzir coma por si só "cura" afasia de Broca. A recuperação da fala após um período de coma pode ter várias explicações plausíveis: resolução do edema cerebral, redução de dor e ansiedade, efeitos de medicamentos (sedativos/imunossupressores), reabilitação neurológica ou recuperação espontânea do cérebro. Cada caso é único; identificar causa específica da melhora exige avaliação médica detalhada.

Algumas explicações possíveis para a recuperação da fala após o coma:

Redução do edema e lesão reversível
Se a afasia foi causada por edema (inchaço), contusão cerebral focal, isquemia transitória ou outra lesão reversível, o decréscimo do inchaço durante o coma e o período de tratamento pode ter permitido a restauração da função da área de Broca.
Controle da dor, agitação e fatores funcionais
Após traumas, dor intensa, ansiedade, sede, hipoxia ou medicações excitantes podem agravar a fala (tornando-a confusa ou bloqueada). Durante o coma esses fatores são suspensos; ao recuperar-se em condição clínica mais estável, a fala pode reaparecer melhor.
Efeito dos medicamentos administrados
Alguns medicamentos usados no manejo intensivo (sedativos, hipotéticos efeitos neuroprotetores ou imunossupressores) podem reduzir inflamação ou processos imunomediados que contribuíam para a disfunção. Se a afasia teve componente inflamatório ou autoimune, a imunossupressão pode ter ajudado.
Supressão de conversão funcional ou fatores psicológicos
Em casos raros, alterações na fala após trauma podem ter componente funcional/psicológico (p. ex., mutismo funcional ou conversivo). A intervenção aguda e a mudança de estado consciente podem, em alguns pacientes, permitir a recuperação da expressão verbal.
Recuperação espontânea e neuroplasticidade
O cérebro tem capacidade de recuperação—especialmente nos meses após lesão—através de reorganização cortical e terapia fonoaudiológica. O coma pode coincidir temporalmente com essa janela de recuperação.

O que considerar clinicamente

Tipo e extensão da lesão: exames de imagem (TC, ressonância magnética) antes/depois ajudam a entender se houve lesão estrutural permanente na região de Broca.
Avaliação neuropsicológica e fonoaudiológica: determinam o perfil da afasia e o nível de recuperação.
Histórico de medicações e intervenções (quais imunossupressores, sedativos, duração): relevante para hipótese inflamatória ou medicamentosa.
Presença de outros déficits neurológicos (motor, sensorial, cognitivo): ajuda a avaliar o prognóstico.


Induzir coma não é uma estratégia terapêutica padrão para "curar" afasia. A melhora observada provavelmente resulta de uma combinação de fatores médicos (resolução de edema/lesão, tratamento da causa subjacente, efeitos de medicamentos), estabilização clínica e processos de recuperação cerebral. Para entender o caso da sua prima com precisão, é importante discutir os exames de imagem, o laudo neurológico e o plano de tratamento com o médico que a acompanhou.



Dr. André Schefer
Terapeuta complementar
Porto Alegre
Olá! A sua pergunta é muito interessante e, como profissional de saúde, é importante esclarecer essa situação complexa.

O que aconteceu com a sua prima?
O caso da sua prima, embora pareça ter uma relação direta entre o coma e a "cura" da afasia, é mais provável que seja resultado de uma série de fatores. A afasia de Broca é um distúrbio da linguagem causado por uma lesão cerebral, geralmente no hemisfério esquerdo, que afeta a capacidade de expressar palavras, mesmo que a pessoa entenda o que é dito.

Coma e a "Cura" da Afasia
O coma por si só não "cura" a afasia. Na verdade, ele é um estado de inconsciência profunda, usado clinicamente para proteger o cérebro. No caso da sua prima, a equipe médica a colocou em coma induzido como parte do tratamento para a Síndrome de Stevens-Johnson, uma reação alérgica grave que pode ser fatal. O objetivo do coma era permitir que o corpo se recuperasse do choque e que os medicamentos imunossupressores agissem sem a sobrecarga de outras funções cerebrais.

A Hipótese da Recuperação Espontânea
A recuperação da fala da sua prima pode ser atribuída à capacidade de neuroplasticidade do cérebro. A neuroplasticidade é a habilidade do cérebro de se reorganizar, formando novas conexões neurais para compensar lesões.

O que provavelmente ocorreu foi que, durante os meses após o acidente de moto, o cérebro da sua prima já estava, de forma lenta, começando a se reorganizar. O período de coma pode ter oferecido um ambiente de "repouso absoluto" para o cérebro, permitindo que a reorganização, que já estava em curso, fosse concluída de forma mais eficaz e sem a interferência de estímulos externos.

Conclusão
Portanto, a "cura" da afasia não foi causada pelo coma em si, mas sim pela recuperação espontânea do cérebro, potencializada pelo repouso profundo e pelos cuidados intensivos que ela recebeu. A melhora dela foi um processo de recuperação natural do cérebro após a lesão, que aconteceu em um momento de intervenção médica de alta complexidade.

É um caso notável que destaca a incrível capacidade do cérebro de se adaptar e se recuperar, mesmo após eventos traumáticos.

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