Como as disfunções executivas afetam o indivíduo com transtorno de personalidade borderline (TPB)?

No Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), disfunções executivas — habilidades cognitivas de planejamento, controle de impulsos, tomada de decisão e regulação emocional — têm impacto significativo na vida do indivíduo:

1. Impulsividade e tomada de decisão:

Dificuldades em avaliar consequências imediatas vs. futuras levam a comportamentos arriscados ou autodestrutivos (gastos impulsivos, abuso de substâncias, automutilação).

2. Regulação emocional prejudicada:

Problemas em monitorar e modular emoções intensas podem gerar explosões de raiva, crises de ansiedade ou tristeza profunda.

A TCC aponta que esses padrões de pensamento rígidos ou distorcidos (catastrofização, pensamento “tudo ou nada”) reforçam o ciclo emocional.

3. Planejamento e organização deficitários:

Dificuldade em organizar metas de longo prazo ou manter rotinas consistentes, aumentando frustração e sensação de descontrole.

4. Flexibilidade cognitiva reduzida:

Tendência a ruminar ou reagir de forma extrema a críticas e frustrações, dificultando resolução de problemas interpessoais.

Oi, tudo bem? A forma como você colocou essa pergunta mostra um olhar muito sensível para o funcionamento interno do TPB, porque as disfunções executivas costumam passar despercebidas, mas influenciam bastante a forma como a pessoa sente, reage e se relaciona.

No transtorno de personalidade borderline, as funções executivas não falham porque “algo está errado com o pensamento”, mas porque a emoção chega muito rápido e muito forte. Quando o sistema emocional dispara como um alarme, o cérebro prioriza proteger você, não analisar a situação com calma. Nesses momentos, a capacidade de organizar ideias, manter o foco, filtrar estímulos, pausar antes de agir ou planejar os próximos passos fica profundamente afetada. O mundo parece mais caótico, as decisões ficam impulsivas e a percepção de si muda conforme a intensidade emocional do momento. É como tentar montar um quebra-cabeça enquanto uma tempestade acontece dentro do peito.

Talvez valha você observar como isso aparece no seu dia a dia. Quando se sente magoado ou inseguro, sua mente fica mais confusa? Nos conflitos, você percebe que reage antes de conseguir pensar no que realmente gostaria de dizer? E depois que a emoção passa, você enxerga a situação de outro jeito? Esses detalhes ajudam muito a entender como as funções executivas oscilam de acordo com a sensibilidade emocional, algo muito típico no TPB.

Essas dificuldades não definem quem você é, mas mostram o quanto o cérebro está tentando lidar com estímulos emocionais intensos. Na terapia, trabalhamos para construir mais estabilidade interna, o que fortalece automaticamente essas funções. Com DBT, TCC, ACT e Terapia do Esquema, você aprende a pausar antes de reagir, organizar a mente mesmo sob estresse e interpretar as situações com mais clareza. Quando a intensidade é muito grande, a avaliação psiquiátrica pode complementar esse processo, ajudando o sistema emocional a encontrar um ponto de equilíbrio em que a mente consiga funcionar com mais fluidez.

Se quiser entender como essas oscilações aparecem especificamente na sua vida e como podemos construir estratégias para tornar esse terreno mais estável, posso te ajudar a olhar isso com cuidado. Caso precise, estou à disposição.