Como as pessoas com autismo lidam com sua incapacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo?

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Como as pessoas com autismo lidam com sua incapacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo?
Muitas preferem fazer uma coisa de cada vez, o que aumenta a concentração e reduz erros. Em vez de dividir o foco, criam rotinas e ambientes organizados que ajudam a manter a mente estável. Essa forma de funcionamento não é uma limitação, mas uma adaptação eficiente à maneira como o cérebro processa estímulos.

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 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Oi, tudo bem? Essa é uma pergunta muito interessante — e, ao mesmo tempo, delicada, porque toca numa característica que costuma ser tanto um desafio quanto uma força nas pessoas dentro do espectro autista.

De modo geral, o cérebro autista tende a funcionar com foco intenso e seletivo. Ele privilegia uma coisa de cada vez, com grande atenção aos detalhes e coerência interna daquilo que está sendo feito. Isso significa que, enquanto o cérebro neurotípico costuma alternar o foco com mais facilidade entre tarefas, o autista precisa de mais tempo para fazer essa transição. Essa diferença não é uma “incapacidade”, mas uma forma distinta de processamento cognitivo — o custo da profundidade é, muitas vezes, a dificuldade de dividir atenção.

Do ponto de vista da neurociência, as redes cerebrais envolvidas na atenção dividida e na flexibilidade cognitiva — especialmente as conexões entre o córtex pré-frontal e o córtex parietal — funcionam de maneira diferente em pessoas autistas. Isso faz com que o cérebro resista mais à troca rápida de contextos, preferindo ambientes previsíveis e sequenciais. Por isso, em vez de “lidar” com a dificuldade de multitarefa, muitas pessoas autistas aprendem a estruturar o ambiente e o tempo de modo que a necessidade de alternar tarefas seja menor.

É curioso pensar, né? Talvez a pergunta também traga outra reflexão: será que a sociedade valoriza tanto o fazer múltiplo que esquece o valor do fazer profundo? E se a dificuldade de multitarefa for, na verdade, uma proteção contra a dispersão e o esgotamento que o mundo hiperconectado impõe?

Na terapia, é comum ajudar pessoas autistas a identificar seus próprios ritmos cognitivos e emocionais, encontrando formas de organizar o dia que respeitem como o cérebro realmente funciona — sem exigir que ele aja como o de alguém neurotípico. Quando o mundo se ajusta um pouco mais ao ritmo interno, muita coisa começa a fazer sentido. Caso queira aprofundar esse tema, estou à disposição.

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