O que é espelhamento no Transtorno do Espectro Autista (TEA) ?

Oi, que bom que trouxe essa pergunta. O termo “espelhamento” no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser entendido de algumas formas, mas uma das mais importantes está relacionada à capacidade do cérebro de perceber e reproduzir emoções e comportamentos do outro — algo ligado ao que chamamos de sistema de neurônios-espelho. Esse sistema ajuda as pessoas a entenderem o que o outro sente ou pretende fazer, funcionando como uma base neurológica da empatia e da imitação social.

Nas pessoas com TEA, esse processo pode funcionar de maneira diferente. Não significa ausência de empatia, mas sim uma forma particular de processar as pistas sociais e emocionais. Enquanto o cérebro neurotípico tende a “espelhar” automaticamente as expressões, gestos e tons emocionais do outro, o cérebro autista pode precisar de mais tempo ou de um contexto mais claro para identificar e responder a esses sinais. É como se o espelho estivesse presente, mas refletisse de um jeito mais seletivo e menos automático.

Você já observou se a pessoa com TEA tende a imitar gestos, entonações ou expressões em certos momentos, mas não em outros? Ou se parece compreender melhor o que o outro sente quando há uma explicação direta, e não apenas pela leitura do rosto ou do tom de voz? Essas observações ajudam muito a diferenciar quando o espelhamento está acontecendo de forma cognitiva (pela lógica) ou emocional (pela empatia espontânea).

Entender o espelhamento é essencial para construir uma comunicação mais segura e previsível, o que reduz a ansiedade e favorece o vínculo. Em terapia, trabalhamos justamente para fortalecer esse “canal de tradução” entre emoção e comportamento, respeitando o tempo e o modo de cada pessoa. Caso queira compreender melhor como isso se manifesta em um caso específico, posso te ajudar a aprofundar essa reflexão.

O espelhamento é uma tentativa espontânea de compreender o outro. A pessoa observa gestos, expressões e formas de se comportar e os reproduz como forma de aprendizado ou conexão. Em contextos de neurodivergência, esse movimento tem uma função importante: é uma ponte entre o mundo interno e o externo. O espelhamento mostra o desejo de pertencimento e também o esforço para entender regras sociais que não são intuitivas. Quando há acolhimento, esse processo se torna menos forçado e mais autêntico, permitindo que a identidade se construa de modo mais natural.