Como a atenção plena pode ser aplicada no tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ?

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Como a atenção plena pode ser aplicada no tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ?
Quem tem TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) se vê preso em um círculo de pensamentos repetitivos e comportamentos que parecem “obrigatórios” para aliviar a ansiedade. É como se a mente não desse espaço para respirar, trazendo uma sensação constante de urgência e ameaça.

A atenção plena, ou mindfulness, pode ajudar justamente aí. Ela ensina a olhar para os pensamentos sem se fundir com eles. Isso significa que, em vez de acreditar que todo pensamento ruim precisa ser levado a sério ou neutralizado com uma ação, a pessoa aprende a notar o pensamento, reconhecer que ele está ali, mas não precisa obedecer a ele.

Na Terapia do Esquema, falamos muito sobre os “modos” ou estados emocionais que tomam conta da gente. A prática de atenção plena fortalece um estado mais saudável, que chamamos de “modo adulto saudável”: uma parte de nós que consegue observar com clareza e decidir de forma mais livre. Assim, em vez de reagir automaticamente à ansiedade do TOC, a pessoa pode escolher uma resposta mais funcional.

É trabalhado o contato com o “aqui e agora”. O TOC costuma puxar a pessoa para fora do presente — ela fica preocupada com o que pode acontecer ou tentando consertar algo que já passou. A atenção plena traz a experiência de voltar para o momento presente, sentir o corpo, perceber a respiração, e reconhecer que, agora, está tudo bem. Essa vivência concreta dá um alívio real e reduz a força que as obsessões exercem.

Praticada de forma contínua, a atenção plena pode ajudar quem tem TOC a:
Diferenciar pensamento de realidade (“ter um pensamento não significa que ele vai acontecer”);
Reduzir a necessidade de rituais para acalmar a ansiedade;
Desenvolver mais tolerância ao desconforto, aprendendo que a ansiedade pode aparecer, mas também passa;
Cultivar escolhas mais conscientes, em vez de agir no automático.

Ou seja, a atenção plena não “desliga” o TOC, mas ajuda a pessoa a se libertar do piloto automático que o transtorno impõe, recuperando um pouco mais de liberdade a cada prática.
É uma prática ensinada na terapia, e com eficácia comprovada.
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 Stephanie Von Wurmb Helrighel
Psicólogo, Psicanalista
Porto Alegre
No tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), a atenção plena não é uma cura por si só, mas uma ferramenta poderosa que complementa outras abordagens.

A ideia central da atenção plena é ajudar a pessoa a observar seus pensamentos obsessivos e impulsos compulsivos sem julgamento e sem se engajar neles. Em vez de tentar lutar contra a obsessão ou ceder à compulsão, a atenção plena ensina a criar um espaço entre o pensamento e a reação.

Aqui estão os mecanismos principais de como ela pode ser aplicada:

Observação sem Julgamento: A atenção plena treina a pessoa a notar a chegada de um pensamento obsessivo ("E se eu não fechei a porta?") ou de uma sensação de ansiedade, sem se prender a ele ou tentar analisá-lo. É como observar nuvens passando no céu – elas vêm e vão, mas você não precisa subir nelas.
Desidentificação: Ajuda a perceber que "eu tenho um pensamento obsessivo" é diferente de "eu sou meu pensamento obsessivo". Isso reduz o poder que a obsessão tem sobre a identidade e o bem-estar da pessoa.
Tolerância à Angústia: Ao invés de reagir imediatamente com uma compulsão para aliviar a ansiedade, a atenção plena ensina a pessoa a permanecer com a sensação desconfortável por um tempo, observando-a diminuir naturalmente. Isso fortalece a capacidade de tolerar a angústia sem recorrer a rituais.
Foco no Presente: O TOC muitas vezes puxa a pessoa para preocupações futuras ou ruminações passadas. A atenção plena traz o foco para o momento presente – para a respiração, para as sensações corporais, para o ambiente – desviando a atenção do ciclo obsessivo-compulsivo.
Redução da Reatividade: Com a prática, a pessoa se torna menos reativa aos gatilhos do TOC. A urgência de realizar a compulsão diminui, e há uma maior capacidade de escolher uma resposta mais adaptativa.
Em resumo, a atenção plena no TOC não busca eliminar os pensamentos obsessivos (o que é quase impossível), mas sim mudar a forma como a pessoa se relaciona com eles. Ela capacita o indivíduo a ser um observador consciente de sua própria mente, ganhando mais controle sobre suas reações e, consequentemente, sobre o impacto do transtorno em sua vida.

Se tiver mais alguma dúvida ou quiser aprofundar em algum ponto, estou à disposição.

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