Meu pai teve avc e não consegue comer comida salgada. Só come doces e está ficando desnutrido. O que

O ideal é continuidade com neurologista e a melhora do paladar pode ser realizado por um fisioterapeuta.

Lamento ouvir sobre a situação do seu pai. O AVC pode afetar várias áreas do cérebro e, em alguns casos, impactar o paladar. A perda da preferência por comidas salgadas e aumento do apetite por doces pode ser resultado dessas alterações cerebrais. Você sabia que o AVC pode afetar os centros de sabor e apetite no cérebro? Para ajudar seu pai, é fundamental procurar um nutricionista que possa orientar uma dieta balanceada e talvez um neurologista para avaliar o impacto do AVC. A telemedicina é uma excelente opção para essas consultas, evitando deslocamentos. Espero que seu pai melhore, e estou aqui para apoiar.

Dr. Diegomaier Nunes Neri
MÉDICO
CRM SC 32925

Olá! Sinto muito que seu pai esteja passando por essa situação—deve ser preocupante para você vê-lo assim. Alterações no paladar após um AVC não são incomuns. O dano neurológico pode afetar os nervos responsáveis pelo sentido do gosto, levando a uma diminuição ou mudança na percepção dos sabores. Isso pode explicar por que ele só consegue comer alimentos doces e evita os salgados.Essa mudança no paladar pode contribuir para a desnutrição, já que a dieta fica restrita e menos balanceada. É importante procurar um profissional de saúde para avaliarem a extensão das alterações e indicar terapias ou exercícios que ajudem na recuperação do paladar.
A disposição para ajudarem nesse momento dificil que estão passando.

O distúrbio que seu pai está apresentando—perder a percepção do sabor salgado e manter apenas o doce—é relativamente comum após um Acidente Vascular Cerebral, especialmente se houve lesão em áreas do cérebro responsáveis pelo paladar (gânglios da base, tálamo ou córtex insular). Eis o que pode estar acontecendo e como agir:

1. por que ocorre essa alteração de paladar
• lesão de vias gustativas centrais que levam informação dos receptores da língua até o cérebro
• dano ao córtex insular ou ao tálamo, áreas essenciais para reconhecer gostos básicos
• em alguns casos, edema pós-AVC ou uso de medicamentos (antibióticos, anti-hipertensivos) também podem reduzir o paladar

2. consequências nutricionais
• como o sal não “sabe” mais salgado, a comida fica insípida, e a preferência pelo doce cresce
• isso leva a ingestão insuficiente de proteínas, vitaminas e minerais, e risco de desnutrição

3. o que pode ser feito para recuperar ou melhorar
a) avaliação especializada
– procure um neurologista ou um otorrinolaringologista para confirmar quais áreas do paladar foram afetadas
– encaminhamento para fonoaudiologia com foco em reabilitação gustativa
– consulta com nutricionista para garantir calorias e nutrientes essenciais

b) “treino” de paladar
– estimule a língua com soluções de concentrações graduais de sal (0,5%, 1%, 2%) para “reeducar” o paladar
– use condimentos sem calorias (ervas frescas, especiarias, limão, vinagre) para realçar sabores
– em vez de sal comum, experimente um umami suave (pequena pitada de glutamato monossódico) para dar “corpo” ao prato

c) adaptações na dieta
– ofereça alimentos de fácil mastigação e de alta densidade nutricional (cremes de leguminosas, papas de aveia enriquecidas)
– capriche em molhos e caldos caseiros, que podem ser saboreados mesmo com paladar reduzido
– garanta ingestão adequada de proteínas (ovos, iogurte, queijos leves, suplementos orais se necessário)

4. acompanhar a evolução
– mantenha um diário alimentar para avaliar se a reabilitação gustativa está funcionando
– repita os “treinos salinos” sob supervisão da fonoaudióloga a cada semana
– reavalie níveis de proteína, ferro, vitaminas e peso corporal com seu nutricionista a cada 4–6 semanas

Com esse programa multidisciplinar (neurologista, fonoaudiólogo e nutricionista) e os exercícios graduais de “dessensibilização” ao sal, muitos pacientes conseguem readquirir ou compensar parcialmente o paladar salgado e voltar a uma dieta mais equilibrada.

Alguns quadros comportamentais em pacientes mais velhos acendem um alerta para o que chamamos de sintomas neuropsiquiátricos, que podem se relacionar a quadros depressivos, quadro demenciais e etc...
Além disso, existem causam que podem ser mais de cunho da própria mastigação dificultada após o AVC.
Neste contexto, profissionais das áreas de psiquiatria, geriatria e neurologia talvez possam ser úteis nessa etapa do cuidado.