Por onde é possível começar a perder o medo com mulheres após anos de depressão grave e isolamento

8 respostas
Por onde é possível começar a perder o medo com mulheres após anos de depressão grave e isolamento (ansiedade social)?

Contexto: Minha depressão começou no Ensino Médio. Terminei, fiquei quatro anos definhando, e então foi dado início ao tratamento (oito anos ao todo). Veio a pandemia, mais de um ano de lockdown, e então passei a ter uma grande melhora. Minha depressão entrou em remissão tem um ano, minha ansiedade social está controlada em boa parte. Faço acompanhamento com psiquiatra e psicóloga.
Estou recomeçando a minha vida do zero após anos e anos de isolamento. Já aprendi dois idiomas, comecei a sair mais e sozinho, voltei a ter minha autonomia, cuidado comigo, faço academia, yoga, me matei de estudar pra entrar num curso muito concorrido na federal, voltei a sair com meus amigos e até fiz novas amizades e é isso. Acontece que quanto mais eu vou melhorando, maior a minha solidão vai ficando. O meu anseio por contato humano, desejo e a libido acabam ficando muito altos. Eu não quero pagar por profissional (não sou virgem), pois eu necessito de conexão. Sou introvertido.

Agora para a questão da pergunta: Eu estou voltando a desenvolver minhas habilidades sociais. Consigo falar com mulheres normalmente quando não envolve atração física/sexual. Como esse desejo somado a solidão tem aumentado muito, abordei minha psicóloga para ver se há maneira de eu começar a me expor de forma gradual ou de contornar isso. Não tive êxito. Meu tratamento é pelo SUS. Então comecei a puxar assunto pelo instagram e whatsapp para ir me expondo. Só que esses dias tive uma crise de pânico após estar rodeado de mulheres na mesa em um pub. Consegui contornar a crise, mas percebi que eu ainda não consigo flertar pessoalmente ou ter um date ou qualquer coisa do tipo e eu quero muito melhorar isso, pois minha mente e meu corpo estão clamando por isso, mas a minha ansiedade social nesse quesito está me bloqueando.

Não sei qual profissional procurar ou então qual outra forma de abordar esse assunto com a minha psicóloga para que eu possa ter o acompanhamento dela, de uma profissional da saúde. Só sei que isso está acabando comigo. É algo muito novo pra mim, pois passei boa parte da minha vida sem desejo algum.
 Yasmin Cerchiaro
Psicólogo
São Paulo
Olá!
O que você descreve é muito coerente com o seu histórico e não indica um retrocesso, mas sim um novo estágio do processo de recuperação.

Durante muitos anos, a depressão e o isolamento funcionaram como um anestésico emocional. Com a retomada da vida, é esperado que o desejo, a necessidade de vínculo e a busca por contato humano reapareçam com força. Isso é sinal de vitalidade psíquica retornando.

O ponto é que o desejo voltou antes de o sistema emocional estar totalmente preparado para lidar com ele. Quando há ansiedade social, especialmente em contextos de atração afetivo-sexual, o corpo interpreta a situação como ameaça: surgem sintomas físicos intensos, bloqueio, medo de exposição e crises de pânico. Isso não significa falta de capacidade social, mas sim ativação do sistema de defesa.

Exposição sem preparo emocional costuma aumentar a ansiedade, não reduzi-la. Forçar situações (como flertes, dates ou ambientes muito ativadores) antes de trabalhar os gatilhos internos pode gerar crises, como você vivenciou.

O foco do tratamento não deve ser “aprender a flertar”, mas sim entender o que esse contato desperta internamente: medo de rejeição, de desempenho, de invasão, de não corresponder, entre outros. É fundamental trabalhar a regulação emocional e corporal, para que o corpo aprenda, aos poucos, que o contato não é uma ameaça.

Sugiro abordar com sua psicóloga não apenas a ansiedade social, mas o retorno do desejo, a relação entre excitação e medo, e a construção de intimidade emocional. Técnicas de exposição tendem a funcionar quando feitas de forma estruturada, progressiva e acompanhada, respeitando o seu próprio tempo psíquico.

E mesmo sendo difícil, tenha paciência consigo mesmo e não se cobre tanto, você está aprendendo a viver uma fase que não pôde viver antes, e isso exige cuidado e paciência. :)

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Seria importante conseguir trabalhar isso com sua psicóloga, você poderia numa consulta abordar somente isso, como você disse que é no SUS talvez tenha poucas consultas e seja difícil trabalhar isso. Um dos meios de tratar isso é justamente falar sobre com alguém especializado. O caminho da exposição gradual você já esta fazendo, mas precisa de ajuda frequente para entender como se da o bloqueio a cada situação. O isolamento te casou um grande medo de relações e a relação sexual/conjugal é normalmente a mais difícil delas, onde expomos nosso lado mais sensível. Sou psicólogo especialista em casal e sexualidade. Já ajudei pessoas na sua situação, e você precisaria de um profissional dessa área. Uma dica que dou é alguma atividade com arte, ajuda bastante a lidar com a sexualidade. Espero que fique bem e consiga viver novas aventuras por ai. Abraço!
Olá, boa tarde.

De forma geral, isso é uma questão que envolve a psicologia. Recomendo que aborde mais sobre essas questões com sua psicóloga e que montem um plano para conter sua ansiedade nesse tipo de contexto bem como progressivamente ir se expondo ao estímulo.
 Rafael Santos
Sexólogo, Psicólogo
São José
Você precisa procurar por um psicólogo que tenha experiencia em questões relacionadas a sexualidade.
Quando algo acontece, nós não reagimos diretamente ao fato, mas sim à interpretação ou crença que temos sobre ele e é essa interpretação que gera as desdobramentos emocionais e comportamentais (exemplo exagerado, pode ser que o falar com garotas não seja o problema e sim que você acredite que não é interessante para manter um assunto e que ela vai te dar um corte e rir da sua cara com as amigas e se isso acontecer você não ia saber como lidar, então quando você aborda uma garota já está nervoso).
Um bom profissional vai te ajudar a entender como você entende e administra essas situações e te devolver a segurança e autonomia para lidar com elas.
Olá. Primeiramente, parabéns pela sua trajetória. Sair de um quadro de 8 anos de depressão e isolamento para conquistar autonomia, entrar em uma universidade federal e cuidar da saúde física é uma vitória imensa e mostra o quanto você é capaz de superar desafios.

O que você está sentindo agora é o que chamamos de Ansiedade Social Específica. É muito comum que, mesmo após a remissão da depressão, restem "ilhas" de ansiedade em áreas que não foram praticadas. Você "destravou" a área acadêmica e de amizades, mas a área afetivo-sexual requer um conjunto de habilidades diferente, envolvendo vulnerabilidade e risco de rejeição.

Sobre sua pergunta de "por onde começar":

Ajuste a Gradualidade (Hierarquia de Exposição): Você mencionou que teve uma crise em um pub rodeado de mulheres. Na TCC, isso seria um passo muito avançado. O segredo é a exposição gradual. Se conversar com amigas sem interesse é 'Nível 1' e o Pub é 'Nível 10', você precisa treinar os níveis 2, 3 e 4. Exemplo: manter contato visual com alguém que te atrai por alguns segundos e sorrir, sem a obrigação de conversar. Depois, perguntar uma informação simples a uma desconhecida, sem intenção de flerte. O objetivo é desassociar a presença feminina do perigo.

Sobre sua Psicóloga: Como o atendimento é pelo SUS, o tempo pode ser curto, mas você pode ser diretivo. Leve esse episódio do Pub para a sessão. Diga: "Tive uma crise de ansiedade nesta situação específica. Podemos fazer um Treinamento de Habilidades Sociais focado nisso ou construir uma hierarquia de exposição para eu treinar?". Isso dá a ela ferramentas concretas para trabalhar com você.

Tipo de Profissional: A abordagem com maior evidência científica para o seu caso é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), com foco em Treinamento de Habilidades Sociais (THS). Se sentir que travou no tratamento atual, buscar um psicólogo especialista em TCC (particular ou convênio) pode acelerar esse processo específico.

Seu corpo e mente 'clamando' por conexão é um sinal de saúde, de que a vida pulsou novamente em você. Respeite seu tempo, mas não pare. A ansiedade diminui conforme você acumula pequenas experiências positivas de baixo risco. Um abraço.
O que você está vivendo faz sentido. A libido e o desejo voltando após anos de isolamento podem gerar muita ansiedade, especialmente quando você está tentando lidar com flerte e intimidade. O bloqueio não é falta de habilidade, mas o medo da rejeição e da exposição emocional.

O primeiro passo é trabalhar a ansiedade ligada ao desejo, sem forçar o flerte ou encontros. Tente se expor a situações de contato humano simples e não sexualizadas primeiro, como conversas casuais.

Fale com sua psicóloga sobre a questão da ansiedade social focada em intimidade e sexualidade. Se ela não se sentir confortável em lidar com isso, pode ser útil buscar um profissional com mais experiência nesse tipo de abordagem.

O importante é não se pressionar para "performar" e ir no seu ritmo, mesmo que isso inclua momentos difíceis como a crise de pânico. O processo é gradual.
Dr. Erick Polasse
Psicólogo, Psicanalista
São Paulo
Você está no caminho certo, o problema não é falta de vontade, é excesso de ativação emocional quando entra desejo.

O começo é exposição gradual focada em atração, não em “pegar alguém”. Primeiro, estar em ambientes com mulheres sem a obrigação de flertar. Depois, interações breves e neutras. Só mais à frente, flerte leve. O objetivo inicial é ensinar seu corpo que desejo ≠ perigo.

Com sua psicóloga, seja direto: diga que precisa trabalhar ansiedade social ligada à intimidade e ao flerte, com exercícios de exposição. Se ela não souber conduzir isso, o profissional mais indicado é alguém com TCC ou terapia focada em ansiedade social/sexualidade.

O pânico no pub não é fracasso, é sinal de que você avançou rápido demais. Ajustar o ritmo resolve.
Olá, como vai? Você pode tentar abrir essa questão com a sua psicóloga, é importante discutir sobre isso. Entretanto, você já avaliou a possibilidade de atendimento semanal de psicoterapia? Há casos de alguns homens se sentirem mais confortáveis de falar sobre questões da sexualidade com outros homens psicólogos, e essa mudança é vista como positiva. Avalie com essa essa possibilidade, pode ser que vocês encontrem um caminho melhor para você alcançar seu objetivo. Espero ter ajudado, fico à disposição.

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