Quais os efeitos do bullying no cérebro que podem se relacionar com o transtorno de personalidade bo

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Quais os efeitos do bullying no cérebro que podem se relacionar com o transtorno de personalidade borderline (TPB) ?
 Stephanie Von Wurmb Helrighel
Psicólogo, Psicanalista
Porto Alegre
Bom dia,

O bullying deixa marcas muito mais profundas do que as pessoas imaginam. Ele não fere apenas a autoestima ele fere o sentimento de existir com valor, algo que, na psicanálise, chamamos de ferida narcísica. Quando alguém é repetidamente humilhado, rejeitado ou invisibilizado, o cérebro entra em um estado de alerta constante, ativando circuitos de medo, vergonha e autoproteção.

Neurobiologicamente, há um aumento da atividade da amígdala cerebral (ligada à percepção de ameaça) e uma sobrecarga no sistema de estresse, especialmente no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Isso significa que o corpo e a mente passam a reagir como se o perigo nunca cessasse. Em paralelo, o córtex pré-frontal, responsável pelo controle emocional e pela tomada de decisão, pode se tornar menos ativo diante de emoções intensas o que ajuda a explicar a impulsividade e a instabilidade afetiva que vemos com frequência no Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).

Mas, para além da biologia, há algo mais sutil e igualmente devastador: o bullying ensina, no nível inconsciente, que o amor é perigoso, que o outro é uma ameaça e que o próprio eu é indigno de acolhimento. Essa experiência emocional primária pode cristalizar-se em padrões relacionais marcados pelo medo de abandono, pela alternância entre idealização e desvalorização e pela sensação crônica de vazio características centrais do TPB.

Entretanto, é importante saber: o cérebro é plástico e o psiquismo é transformável. As marcas do bullying não são uma sentença. Com o processo terapêutico adequado, é possível reconstruir as bases da segurança interna, reorganizar a forma de se vincular e desenvolver uma nova percepção de si mesmo uma que não nasça da dor, mas da possibilidade de existir com dignidade e afeto.

Se você sente que o bullying deixou feridas em você ou que suas emoções parecem intensas demais, oscilantes demais, dolorosas demais eu te convido a iniciar esse processo comigo. No espaço terapêutico, vamos compreender essas marcas com profundidade e, pouco a pouco, transformá-las em força, consciência e liberdade emocional.

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 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Olá, tudo bem? A sua pergunta é muito sensível e, ao mesmo tempo, muito necessária. Quando falamos de bullying e transtorno de personalidade borderline, estamos lidando com duas experiências que mexem profundamente com o sistema emocional. Não é que o bullying “cause” o TPB, mas ele pode intensificar vulnerabilidades que já existiam. E, quando olhamos pela perspectiva do cérebro, essa ligação fica um pouco mais clara — sem simplificações, sem determinismos.

Em experiências repetidas de humilhação, ameaça ou rejeição, o cérebro tende a entrar num estado de vigilância maior. Áreas relacionadas à detecção de perigo ficam mais sensíveis, como se dissessem o tempo todo “melhor se preparar para o pior”. Com o tempo, essa reação pode moldar a forma como a pessoa interpreta relações, especialmente se ela já tinha uma sensibilidade emocional maior. O bullying pode reforçar a ideia de que o afeto é instável, que o valor pessoal é frágil e que pequenos sinais de falha significam rejeição iminente. Fico curioso para saber como você percebe essas marcas em si. Em que momentos a sensação de ameaça aparece mais rápido do que deveria. O que nessa experiência antiga ainda reverbera quando você está perto de alguém importante.

Além disso, é comum que o corpo emocional aprenda a reagir com intensidade, porque foi exposto precocemente a situações que ultrapassavam sua capacidade de compreensão e proteção. Isso não define o TPB, mas conversa com algumas características dele, como medo de abandono, impulsividade emocional e oscilações intensas. Vale refletir sobre quais narrativas internas nasceram naquele período. O que você passou a acreditar sobre si mesmo a partir do que viveu. Em que momentos percebe que seu corpo reage como se estivesse defendendo versões antigas de você.

Entender essa relação não serve para culpar o passado, mas para devolver clareza ao presente. Quando você começa a reconhecer esses padrões com mais precisão, as respostas emocionais deixam de parecer “defeitos” e se tornam partes compreensíveis da sua história — partes que podem ser reorganizadas com cuidado.

Se sentir que isso toca pontos importantes da sua vivência e quiser explorar essas camadas com mais profundidade, a terapia pode ser um espaço muito seguro. Caso precise, estou à disposição.

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