Qual é o Impacto dos maus-tratos e traumas na infância na empatia cognitiva no Transtorno de Persona

2 respostas
Qual é o Impacto dos maus-tratos e traumas na infância na empatia cognitiva no Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) ?
 Helio Martins
Psicólogo
São Bernardo do Campo
Oi, tudo bem? Essa pergunta é profunda — e mostra um olhar muito sensível sobre a relação entre trauma, desenvolvimento e funcionamento emocional no Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). De fato, os maus-tratos e traumas na infância têm um impacto significativo na empatia cognitiva, que é a capacidade de compreender racionalmente o que o outro sente ou pensa, sem necessariamente vivenciar a mesma emoção.

Quando uma criança cresce em um ambiente imprevisível, com rejeição, negligência ou violência, o cérebro aprende a viver em modo de alerta constante. As áreas responsáveis por interpretar intenções e regular emoções — como o córtex pré-frontal medial e a amígdala — passam a operar em desequilíbrio. A amígdala, que sinaliza perigo, se torna hiper-reativa; já as regiões que ajudam a refletir e compreender o outro ficam sobrecarregadas. Isso faz com que, na vida adulta, a empatia emocional (sentir a dor do outro) continue intensa, mas a empatia cognitiva (entender o que o outro sente sem se confundir com isso) fique prejudicada.

É como se a pessoa com TPB tivesse um radar emocional afinadíssimo — sente tudo, percebe tudo —, mas sem o filtro que ajuda a organizar essas informações. O resultado é uma confusão entre o próprio sofrimento e o do outro. Diante de uma emoção intensa, a interpretação pode se distorcer: o outro pode ser visto como uma ameaça ou como alguém que precisa ser mantido a qualquer custo.

Um ponto interessante para refletir é: o quanto essas reações emocionais rápidas são tentativas antigas de proteção? E o quanto, hoje, elas ainda são necessárias? Às vezes, o cérebro continua tentando sobreviver a um passado que já não está mais acontecendo, reagindo a memórias emocionais que ainda ecoam nas relações atuais.

O processo terapêutico ajuda justamente a reconstruir essa ponte entre emoção e razão — permitindo que a empatia volte a ser um espaço de conexão, e não de dor. Quando o sistema nervoso começa a entender que já está seguro, a empatia cognitiva reaparece como um reflexo natural da compreensão, e não mais como uma defesa.

Caso precise, estou à disposição.

Tire todas as dúvidas durante a consulta online

Se precisar de aconselhamento de um especialista, marque uma consulta online. Você terá todas as respostas sem sair de casa.

Mostrar especialistas Como funciona?
Olá, tudo bem? Espero que sim.

Os maus-tratos e traumas na infância — como negligência emocional, abuso físico ou psicológico — exercem um impacto profundo no desenvolvimento da empatia cognitiva, que é a capacidade de compreender os estados mentais e emocionais de outras pessoas.

Em indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), estudos mostram que essas experiências precoces adversas estão associadas a alterações no funcionamento socioemocional e na teoria da mente, resultando em dificuldades para interpretar as intenções dos outros de forma precisa.

Na prática, isso pode se manifestar como:

Hiperinterpretação emocional — perceber rejeição onde não há;

Oscilações entre idealização e desvalorização nas relações;

Dificuldade em distinguir emoções próprias das emoções alheias, gerando reações impulsivas ou intensas;

Empatia afetiva elevada, mas com empatia cognitiva instável, dificultando o equilíbrio nas relações interpessoais.

O tratamento mais indicado é a Terapia Baseada em Mentalização (MBT) ou a Terapia Comportamental Dialética (DBT), ambas baseadas em evidências e eficazes em melhorar a empatia cognitiva, regular emoções e fortalecer o senso de identidade e confiança relacional (Bateman & Fonagy, 2019; Cochrane, 2022).

Essas abordagens ajudam o paciente a desenvolver uma compreensão mais realista das intenções alheias, reduzindo conflitos interpessoais e sofrimento emocional.

Um grande abraço, e conte comigo caso queira compreender melhor, de forma prática e baseada na ciência.

Especialistas

Anna Paula Balduci Brasil Lage

Anna Paula Balduci Brasil Lage

Psicólogo

Rio de Janeiro

Liézer Cardozo

Liézer Cardozo

Psicólogo

Curitiba

Claudia Matias Santos

Claudia Matias Santos

Psicólogo

Rio de Janeiro

Anabelle Condé

Anabelle Condé

Psicólogo

Rio de Janeiro

Renata Camargo

Renata Camargo

Psicólogo

Camaquã

Perguntas relacionadas

Você quer enviar sua pergunta?

Nossos especialistas responderam a 2023 perguntas sobre Transtorno da personalidade borderline
  • A sua pergunta será publicada de forma anônima.
  • Faça uma pergunta de saúde clara, objetiva seja breve.
  • A pergunta será enviada para todos os especialistas que utilizam este site e não para um profissional de saúde específico.
  • Este serviço não substitui uma consulta com um profissional de saúde. Se tiver algum problema ou urgência, dirija-se ao seu médico/especialista ou provedor de saúde da sua região.
  • Não são permitidas perguntas sobre casos específicos, nem pedidos de segunda opinião.
  • Por uma questão de saúde, quantidades e doses de medicamentos não serão publicadas.

Este valor é muito curto. Deveria ter __LIMIT__ caracteres ou mais.


Escolha a especialidade dos profissionais que podem responder sua dúvida
Iremos utilizá-lo para o notificar sobre a resposta, que não será publicada online.
Todos os conteúdos publicados no doctoralia.com.br, principalmente perguntas e respostas na área da medicina, têm caráter meramente informativo e não devem ser, em nenhuma circunstância, considerados como substitutos de aconselhamento médico.